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Quito diz ter selado acordo com Odebrecht
Equador afirma que brasileira aceita suas condições após divergência quanto a hidrelétrica; empreiteira admite avanços, mas nega assinatura
Segundo governo Correa, construtora deve depositar garantias de US$ 43 milhões e buscar arbitragem externa para apurar falhas em obra
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A QUITO
O presidente do Equador,
Rafael Correa, anunciou ontem
que a empreiteira Odebrecht
aceitou todas as condições exigidas pelo governo em torno
dos problemas na hidrelétrica
de San Francisco, construída
pela empresa brasileira, mas
disse que ainda analisará "se
eles continuam ou não no país".
"Como dizem na minha terra, o macaco sabe em que pau
trepa. Depois da sacudida, ontem [sexta-feira] recebemos
assinada unilateralmente a declaração de Odebrecht", afirmou Correa, em seu programa
semanal de TV, enquanto mostrava o documento às câmaras.
Após o anúncio de Correa, a
Odebrecht informou, via assessoria de imprensa, que o acordo
ainda não foi assinado oficialmente, embora as negociações
estivessem "avançadas". A empresa não soube explicar qual o
documento que o presidente
equatoriano mostrou pela TV.
Apesar do anúncio, Correa
não revogou o decreto da última terça-feira, no qual arrestava os bens da Odebrecht e paralisava outros quatro projetos da
empresa no país. "Agora temos
de analisar se permitimos que
continuem no país ou não."
Correa também disse que
continua analisando se é "legítimo" o empréstimo de US$
243 milhões contraído no
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) para a obra da hidrelétrica. Na quarta, ele ameaçara
não pagar porque se trata de
verba entregue à Odebrecht, e
não ao Estado equatoriano.
Inaugurada em meados de
2007 em Baños de Agua Santa,
180 km ao sul de Quito, a usina
de San Francisco, de porte médio, é responsável por 12% da
produção elétrica do Equador.
Termos
De acordo com Correa, que
nesta terça se reúne com o presidente Lula em Manaus, a
Odebrecht fará um depósito de
garantia de US$ 43 milhões e
contratará uma auditoria internacional para apurar de quem é
a responsabilidade pelos problemas que levaram a usina a
deixar de produzir desde o dia 6
de junho. "Essa gente está acostumada a tratar com governos
que podem amolecer, subornar. Mas conosco se enganaram por completo", declarou.
Durante a semana, a Odebrecht já dizia aceitar os termos do acordo, mas não poder
assiná-lo por "não ter anuência
das outras empresas do consórcio", a francesa Alstom e a austríaca VA Tech Hydro.
O governo equatoriano mantém militarizadas as instalações da Odebrecht e proibiu a
saída de dois diretores da empresa do país. Apesar da intervenção, os cerca de 2.500 empregados da empreiteira continuaram trabalhando durante a
semana nos quatro projetos em
andamento, que somam US$
650 milhões, e na reparação da
hidrelétrica, que deve voltar a
funcionar no início de outubro.
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