São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2010

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Israel retoma construções na Cisjordânia

Um dia depois do fim da moratória de dez meses, máquinas começam a trabalhar em assentamentos judaicos

Enquanto isso, diversos países fazem esforços diplomáticos para que negociações pela paz não sejam abandonadas

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

As obras em assentamentos israelenses na Cisjordânia foram retomadas ontem, um dia após o fim da moratória de dez meses que impedia a construção em colônias judaicas no território.
Em Adam, Yitzhar, Karmé Tzur e Kyriat Arba, as máquinas foram posicionadas logo após o fim do prazo (meia-noite, hora local) e começaram a trabalhar ontem ainda pela manhã.
Em Ariel, um dos maiores assentamentos da região, escavadeiras iniciaram a nivelação de um terreno onde serão erguidas 50 casas.
Em Hebron, o vice-ministro da Educação, Meir Porush, colocou a pedra angular de uma nova creche.
Teoricamente, qualquer colono que possua permissão anterior ao congelamento pode iniciar obras em terreno de sua propriedade.
Porém, a mídia israelense noticiou que o fim da moratória não significou um intenso reinício das construções.
Por conta do feriado judeu de Sucot, que irá durar toda a semana, e por razões de segurança, palestinos estão proibidos de entrar nas colônias e, portanto, não há quem faça os trabalhos.
Mas há também cautela pelo lado israelense.
O prefeito da colônia de Efrat, Oded Revivi, disse que empreendedores estão relutantes em apoiar projetos porque têm medo de que as construções sejam novamente interrompidas. "Nada de espetacular está acontecendo [nesta segunda-feira]."

DIPLOMACIA
O movimento mais vultoso ontem foi registrado no campo diplomático, com diversos países se engajando em esforços para que o fim da moratória não represente o naufrágio das recém-iniciadas negociações de paz entre israelenses e palestinos.
No domingo, o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, fez chamado ao presidente da Autoridade Nacional Palestina para que as conversas continuem.
Ontem, em Paris, Mahmoud Abbas -que exige o fim total das construções para que se chegue à paz- disse que anunciará sua decisão após reunião da Liga Árabe, no próximo dia 4. Anteriormente, ele disse esperar por uma prorrogação da moratória de três ou quatro meses.
Abbas se reuniu com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que pediu o fim das expansões das colônias.
O apelo foi repetido pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e pelo chanceler britânico, William Hague -que discutiria o tema ainda ontem com seu colega israelense, Avigdor Liberman.
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, que também está em Nova York, afirmou: "Acharia muito positivo que já tivesse sido anunciada a [prorrogação da] moratória, teria sido um grande estímulo às negociações".
Já o governo dos EUA expressou desapontamento com o fim do prazo. O porta-voz do Departamento de Estado, P.J. Crowley, disse que diplomatas americanos visitarão a região nesta semana.
Os EUA esperam que a reunião da Liga Árabe endosse a continuação das conversas e, ao mesmo tempo, dê apoio político a Abbas para que as negociações continuem, apesar do fim da moratória.


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