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Israel retoma construções na Cisjordânia
Um dia depois do fim da moratória de dez meses, máquinas começam a trabalhar em assentamentos judaicos
Enquanto isso, diversos países fazem esforços diplomáticos para que negociações pela paz não sejam abandonadas
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
As obras em assentamentos israelenses na Cisjordânia foram retomadas ontem,
um dia após o fim da moratória de dez meses que impedia
a construção em colônias judaicas no território.
Em Adam, Yitzhar, Karmé
Tzur e Kyriat Arba, as máquinas foram posicionadas logo
após o fim do prazo (meia-noite, hora local) e começaram a trabalhar ontem ainda
pela manhã.
Em Ariel, um dos maiores
assentamentos da região, escavadeiras iniciaram a nivelação de um terreno onde serão erguidas 50 casas.
Em Hebron, o vice-ministro da Educação, Meir Porush, colocou a pedra angular de uma nova creche.
Teoricamente, qualquer
colono que possua permissão anterior ao congelamento pode iniciar obras em terreno de sua propriedade.
Porém, a mídia israelense
noticiou que o fim da moratória não significou um intenso
reinício das construções.
Por conta do feriado judeu
de Sucot, que irá durar toda a
semana, e por razões de segurança, palestinos estão
proibidos de entrar nas colônias e, portanto, não há
quem faça os trabalhos.
Mas há também cautela
pelo lado israelense.
O prefeito da colônia de
Efrat, Oded Revivi, disse que
empreendedores estão relutantes em apoiar projetos
porque têm medo de que as
construções sejam novamente interrompidas. "Nada de
espetacular está acontecendo [nesta segunda-feira]."
DIPLOMACIA
O movimento mais vultoso
ontem foi registrado no campo diplomático, com diversos países se engajando em
esforços para que o fim da
moratória não represente o
naufrágio das recém-iniciadas negociações de paz entre
israelenses e palestinos.
No domingo, o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, fez chamado ao presidente da Autoridade Nacional Palestina para que as
conversas continuem.
Ontem, em Paris, Mahmoud Abbas -que exige o
fim total das construções para que se chegue à paz- disse que anunciará sua decisão
após reunião da Liga Árabe,
no próximo dia 4. Anteriormente, ele disse esperar por
uma prorrogação da moratória de três ou quatro meses.
Abbas se reuniu com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que pediu o fim das expansões das colônias.
O apelo foi repetido pelo
secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, e pelo chanceler
britânico, William Hague
-que discutiria o tema ainda
ontem com seu colega israelense, Avigdor Liberman.
O chanceler brasileiro,
Celso Amorim, que também
está em Nova York, afirmou:
"Acharia muito positivo que
já tivesse sido anunciada a
[prorrogação da] moratória,
teria sido um grande estímulo às negociações".
Já o governo dos EUA expressou desapontamento
com o fim do prazo. O porta-voz do Departamento de Estado, P.J. Crowley, disse que
diplomatas americanos visitarão a região nesta semana.
Os EUA esperam que a reunião da Liga Árabe endosse a
continuação das conversas e,
ao mesmo tempo, dê apoio
político a Abbas para que as
negociações continuem,
apesar do fim da moratória.
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