São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 2011

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Premiê grego pede solidariedade à Europa

Em Berlim, Papandreou cobra respeito ao 'esforço sobre-humano' de seu país e promete lutar pela volta do crescimento

Embora acene com ajuda, chanceler alemã cobra 'dever de casa'; Parlamento alemão vota pacote amanhã


CAROLINA VILA-NOVA
Em BERLIM

O premiê grego, George Papandreou, fez ontem em Berlim um apelo emocionado à Alemanha e aos demais países europeus para que ajudem a Grécia a sair da crise, prometendo cumprir sua parte nos compromissos assumidos.
O discurso ocorre dois dias antes de o Parlamento alemão votar o segundo pacote grego, aprovado pelo governo neste ano, além do aumento dos poderes do mecanismo de resgate da zona do euro, conhecido pela sigla EFSF.
Ocorre também em meio a intensas negociações entre autoridades europeias e do FMI (Fundo Monetário Internacional) e novos rumores de um calote grego.
"Prometo a vocês que nós, gregos, vamos lutar para recuperar o crescimento e a prosperidade depois desse período de dor", disse Papandreou, em discurso na conferência anual da BID (Confederação da Indústria Alemã).
O premiê pediu ainda "respeito" pelo "esforço sobre-humano'' feito pelo país até agora. "Se as pessoas só sentem a punição e o escárnio, essa crise não irá se tornar uma oportunidade, mas será um causa perdida. E estamos determinados a fazer uma história de sucesso", afirmou.
Fazendo um paralelo com a reunificação alemã, disse que o mundo assiste ao "renascimento de uma nação".
A chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, prometeu "dar toda a ajuda" para que a Grécia "recupere sua confiança". Mas com uma condição: "Ajudaremos se o país fizer seu dever de casa".
Merkel afirmou ainda: "Se a estabilidade do euro está em risco, e a experiência recente nos diz que as dificuldades de um país podem colocar em risco nossa moeda comum, isso nos obriga a mostrar solidariedade".
À noite, ela e Papandreou tiveram encontro privado.

PASSO A PASSO
Merkel tem dito, nos últimos dias, que prefere medidas tomadas "passo a passo".
O primeiro passo é obter a aprovação do Bundestag, o Parlamento alemão, para o pacote de € 109 bilhões (R$ 272 bilhões) em ajuda à Grécia, aprovado em julho, e para o aumento dos poderes do EFSF, com fundos de € 440 bilhões (R$ 1,1 trilhão).
Só então seriam discutidos um fundo de resgate permanente e de maior alcance, ajuda a bancos ou reforma de estruturas do bloco europeu.
Porém, uma rebelião ensaiada pelo FDP (Partido Liberal Democrata), que faz coligação com a CDU (União Democrata Cristã), de Merkel, ameaça o primeiro passo.
Um simulado de votação feito ontem entre parlamentares da coalizão revelou que 15 votariam contra as medidas ou se absteriam. Se mais de 19 parlamentares votarem contra ou se abstiverem, Merkel dependerá da oposição para passar as medidas.
Para analistas, a aprovação está garantida graças aos votos dos social-democratas e dos verdes. Isso seria bom para a Grécia e a União Europeia, e ruim para Merkel, cuja autoridade ficaria em xeque.


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