São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

Próximo Texto | Índice

O IMPÉRIO VOTA - RETA FINAL

Partido de Bush dificilmente perde hegemonia entre deputados e tem chances maiores de prevalecer sobre democratas no Senado

Congresso deve manter-se republicano

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Independentemente do resultado da eleição dos EUA na próxima terça-feira, é bastante provável que o próximo Congresso americano continue dominado pelo Partido Republicano do presidente George W. Bush.
Na Câmara dos Representantes (deputados), que está nas mãos dos republicanos há dez anos, isso é praticamente certo.
No Senado, especialistas estimam em 70% as chances dos republicanos conservarem uma maioria, mesmo que muito apertada como a atual. Hoje, os republicanos têm 51 cadeiras no Senado. Os democratas, 49.
Das 100 cadeiras do Senado, 34 estão em jogo neste pleito (19 democratas e 15 republicanas). Além de ter de defender mais vagas, 10 das 19 cadeiras do Partido Democrata em jogo representam Estados onde Bush ganhou a eleição de 2000 contra o democrata Al Gore. Das 15 vagas republicanas em jogo, Gore venceu em 3 Estados que elas representam.
"Os democratas estão no meio do que chamamos de "mapa hostil", que forma um quadro muito mais amigável para os republicanos", diz Jennifer Duffy, especialista em eleições parlamentares.
Para piorar o cenário, 5 das 19 vagas democratas em jogo no Senado estão "em aberto", ou seja, não têm candidatos à reeleição, mas novos aspirantes.
Historicamente, mais de 90% dos senadores que tentam se reeleger nos EUA são bem-sucedidos. Essas mesmas cinco vagas são todas do sul e em Estados onde Bush venceu no pleito de 2000.
Os democratas chegaram a convocar candidatos bem mais à direita para tentar enfrentar os republicanos. Na Carolina do Sul, a democrata Inez Tenenbaum apoiou a Guerra do Iraque e o Patriot Act e é a favor da pena de morte e do banimento constitucional do casamento gay. Todas posições republicanas.
Na prática, das 34 cadeiras do Senado em jogo hoje, a disputa está muito acirrada em 9.
Há duas chances, pequenas, de os democratas retomarem o Senado: 1) vencer em 6 desses 9 Estados e chegar a 50 cadeiras se John Kerry for eleito presidente, pois o vice-presidente dos EUA tem o "voto de minerva" em situações de empate; ou 2) vencer em 7 dos 9 Estados, chegando a 51 cadeiras, se Bush ganhar.
"A chance republicana é de 70%, mas eles só terão uma maioria mais folgada que a atual se tiverem um resultado eleitoral muito bom", afirma Duffy.
Na Câmara, os republicanos detêm a maioria por 227 a 205, e estão bem mais confortáveis.
"Acredito que não exista nenhuma chance no mundo de ocorrer uma mudança na Câmara", afirma Charles E. Cook, publisher do The Cook Political Report, uma das mais respeitas publicações de política dos EUA.
Nesse cenário, uma eventual reeleição de Bush na próxima terça terá caminho aberto no Congresso para mudanças que promete, como a simplificação de impostos.No caso de uma vitória de Kerry, o democrata terá de conviver com um Congresso hostil e demandando concessões.
Os republicanos também tendem a levar vantagem nos pleitos estaduais do atual ciclo eleitoral. Dos 50 Estados americanos, 11 (6 democratas e 5 republicanos) vão disputar eleições no dia 2.
Os EUA têm hoje 28 governadores republicanos e 22 democratas.


Próximo Texto: Candidato ao Senado vira fenômeno
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.