São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2006

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Votação promete caos em alguns Estados americanos

Falta de técnicos para operar as novas urnas eletrônicas é um dos problemas

Recadastramento confunde parte dos eleitores; Estados mais problemáticos incluem Ohio, Geórgia, Pensilvânia, Arizona e Carolina do Norte

IAN URBINA
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON

O condado de Yolo, na Califórnia, recebeu novas urnas eletrônicas para a eleição de 7 de novembro, mas há um problema: em algumas das máquinas, o programa de áudio para os eleitores que são deficientes visuais só funciona na língua vietnamita.
"Fale em pânico...", comenta o responsável principal pelas eleições no condado, Freddy Oakley. "Tenho senhoras grisalhas que vão trabalhar como mesárias e estão aparvalhadas, sem saber o que fazer."
Enquanto dezenas de Estados americanos vêm implementando novas leis de cadastramento de eleitores e adotando sistemas de votação eletrônica, autoridades em todo o país se prepararam para enfrentar uma situação caótica no dia da eleição, prevendo confusão e um aumento no número de resultados contestados.
Em Maryland, no Mississippi e na Pensilvânia, a escassez de técnicos está levando os fabricantes das novas urnas eletrônicas a procurar profissionais de suporte técnico em Web sites como Monster.com. Arizona, Califórnia, Geórgia, Indiana, Maryland, Mississippi, Missouri, Carolina do Norte, Ohio e Pensilvânia estão entre os Estados vistos como os que têm maior probabilidade de enfrentar problemas, segundo especialistas que acompanham as novidades tecnológicas e outras mudanças eleitorais.
"Temos leis novas, tecnologia nova e um envolvimento maior dos partidos e de advogados no processo de votação", disse Tova Wang, que estuda eleições para a Fundação Century, um grupo de pesquisas independente. As autoridades eleitorais em muitos dos Estados enfrentam atrasos na entrega das urnas eletrônicas que devem substituir as máquinas antigas, que usavam cartões em que se faziam furos apertando uma alavanca. A escassez crônica de mesários agrava a situação.
Muitos dos mesários são aposentados pouco familiarizados com novas tecnologias. Excetuando algumas normas federais rudimentares que regem a idade mínima dos eleitores, o financiamento federal para Estados e condados e a proteção a deficientes físicos e membros de minorias, as eleições são condicionadas por uma larga gama de leis locais, decisões conflitantes de tribunais, escolhas tecnológicas -e até mesmo manobras partidárias desonestas.
O advogado Justin Levitt, que trabalha para o Centro Brennan de Justiça na Escola de Direito da Universidade de Nova York, disse que na noite da eleição sua organização vai acompanhar especialmente a apuração na Carolina do Norte, Flórida e Dakota do Sul, devido aos novos bancos de dados de eleitores cadastrados nesses Estados.
Sob a lei federal Ajude a América a Votar, aprovada em 2002, as autoridades eleitorais foram incumbidas de criar listas informatizados estaduais de eleitores cadastrados. A previsão era que esses bancos de dados ajudassem a facilitar o cadastramento de eleitores, reduzissem as fraudes e ajudassem os partidos políticos a rastrear eleitores potencialmente favoráveis a eles.
Em alguns Estados, porém, os bancos de dados vêm impedindo grande número de eleitores de cadastrar-se nas listas. A Carolina do Norte, por exemplo, exige que os dados fornecidos pelos eleitores nos formulários de cadastro correspondam aos que constam dos bancos de dados da Seguridade Social ou dos proprietários de veículos.
Um relatório divulgado pela Fundação Century, a Common Cause e a Conferência de Liderança sobre Direitos Civis citou o receio de que a maioria dos Estados tenha poucos ou nenhum critérios para reger a distribuição das máquinas de votação.


Tradução de CLARA ALLAIN


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