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Votação promete caos em alguns Estados americanos
Falta de técnicos para operar as novas urnas eletrônicas é um dos problemas
Recadastramento confunde parte dos eleitores; Estados mais problemáticos incluem Ohio, Geórgia, Pensilvânia, Arizona e Carolina do Norte
IAN URBINA
DO "NEW YORK TIMES", EM
WASHINGTON
O condado de Yolo, na Califórnia, recebeu novas urnas
eletrônicas para a eleição de 7
de novembro, mas há um problema: em algumas das máquinas, o programa de áudio para
os eleitores que são deficientes
visuais só funciona na língua
vietnamita.
"Fale em pânico...", comenta
o responsável principal pelas
eleições no condado, Freddy
Oakley. "Tenho senhoras grisalhas que vão trabalhar como
mesárias e estão aparvalhadas,
sem saber o que fazer."
Enquanto dezenas de Estados americanos vêm implementando novas leis de cadastramento de eleitores e adotando sistemas de votação eletrônica, autoridades em todo o
país se prepararam para enfrentar uma situação caótica no
dia da eleição, prevendo confusão e um aumento no número
de resultados contestados.
Em Maryland, no Mississippi
e na Pensilvânia, a escassez de
técnicos está levando os fabricantes das novas urnas eletrônicas a procurar profissionais
de suporte técnico em Web sites como Monster.com.
Arizona, Califórnia, Geórgia,
Indiana, Maryland, Mississippi, Missouri, Carolina do Norte,
Ohio e Pensilvânia estão entre
os Estados vistos como os que
têm maior probabilidade de enfrentar problemas, segundo especialistas que acompanham as
novidades tecnológicas e outras mudanças eleitorais.
"Temos leis novas, tecnologia nova e um envolvimento
maior dos partidos e de advogados no processo de votação",
disse Tova Wang, que estuda
eleições para a Fundação Century, um grupo de pesquisas independente.
As autoridades eleitorais em
muitos dos Estados enfrentam
atrasos na entrega das urnas
eletrônicas que devem substituir as máquinas antigas, que
usavam cartões em que se faziam furos apertando uma alavanca. A escassez crônica de
mesários agrava a situação.
Muitos dos mesários são aposentados pouco familiarizados
com novas tecnologias.
Excetuando algumas normas
federais rudimentares que regem a idade mínima dos eleitores, o financiamento federal
para Estados e condados e a
proteção a deficientes físicos e
membros de minorias, as eleições são condicionadas por
uma larga gama de leis locais,
decisões conflitantes de tribunais, escolhas tecnológicas -e
até mesmo manobras partidárias desonestas.
O advogado Justin Levitt,
que trabalha para o Centro
Brennan de Justiça na Escola
de Direito da Universidade de
Nova York, disse que na noite
da eleição sua organização vai
acompanhar especialmente a
apuração na Carolina do Norte,
Flórida e Dakota do Sul, devido
aos novos bancos de dados de
eleitores cadastrados nesses
Estados.
Sob a lei federal Ajude a
América a Votar, aprovada em
2002, as autoridades eleitorais
foram incumbidas de criar listas informatizados estaduais de
eleitores cadastrados. A previsão era que esses bancos de dados ajudassem a facilitar o cadastramento de eleitores, reduzissem as fraudes e ajudassem
os partidos políticos a rastrear
eleitores potencialmente favoráveis a eles.
Em alguns Estados, porém,
os bancos de dados vêm impedindo grande número de eleitores de cadastrar-se nas listas.
A Carolina do Norte, por
exemplo, exige que os dados
fornecidos pelos eleitores nos
formulários de cadastro correspondam aos que constam dos
bancos de dados da Seguridade
Social ou dos proprietários de
veículos.
Um relatório divulgado pela
Fundação Century, a Common
Cause e a Conferência de Liderança sobre Direitos Civis citou
o receio de que a maioria dos
Estados tenha poucos ou nenhum critérios para reger a distribuição das máquinas de votação.
Tradução de CLARA ALLAIN
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