São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2006

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Campanha apela por libertação de blogueiros

Anistia Internacional cita casos de iraniano preso e chinês censurado

ONG também critica provedores que concordam com restrições à circulação de informação exigidas por regimes antidemocráticos

ANDREW GUMBEL
DO "INDEPENDENT", EM LOS ANGELES

A Anistia Internacional lançou ontem uma campanha em defesa de uma categoria completamente nova de prisioneiros de consciência, os autores de blogs e visitantes de salas de chat na internet que são detidos por governos repressivos porque exprimem opiniões reprovadas ou disseminam informações sensíveis online.
A organização internacional de defesa dos direitos humanos está instando webmasters de todo o mundo a defenderem os seus colegas blogueiros aprisionados em países como Irã, Tunísia, Vietnã e China -e denunciando importante provedores de serviços de internet, como Yahoo! e Microsoft, por fornecerem a governos estrangeiros as informações de que estes necessitam para expurgar os dissidentes da web.
O apelo surge na véspera da reunião inaugural do Fórum de Governança na Internet, conferência promovida pela ONU em Atenas para considerar o futuro da comunicação online com temas que variam da liberdade de expressão à segurança e aos direitos de propriedade intelectual.
"Pessoas foram aprisionadas apenas por expressarem suas opiniões em um e-mail ou site", disse Steve Ballinger, da Anistia. "Sites e blogs foram fechados e firewalls instalados para impedir o acesso a informações. Empresas restringiram buscas na internet a fim de negar a usuários o acesso a informações que governos repressivos não desejavam que elas recebessem."
A Anistia está lançando um apelo urgente em defesa de um blogueiro iraniano chamado Kianoosh Sanjari, que foi detido no começo do mês depois de ter relatado em seu blog confrontos entre as forças de segurança do país e seguidores de um líder religioso xiita chamado aiatolá Boroujerdi. "Ele está preso e incomunicável e tememos que esteja sofrendo risco de tortura ou maus tratos", disse a Anistia.
Alguns governos recorreram a mecanismos de filtragem e bloqueio para manter o conteúdo político indesejado fora da internet, afirmou a Anistia. A Anistia destacou o comportamento do Alibaba, parceiro chinês do Yahoo!, que, segundo a organização, forneceu informações usadas para processar o jornalista Shi Tao, o que resultou em sentença de prisão de 10 anos para ele, por "fornecer segredos de Estado ilegalmente a entidades estrangeiras". Shi enviou a um site norte-americano informações sobre os planos do governo chinês para restringir a cobertura do aniversário do massacre na praça Tiananmen, em 1989.
A Anistia criticou a Microsoft por ceder à exigência chinesa de que restringisse a liberdade de expressão em seu serviço de blogs MSN Spaces, entre outras coisas ao remover de seus servidores o blog de Zhao Jing, um pesquisador do "New York Times". A Anistia também aderiu aos críticos que reprovaram a decisão do Google de lançar uma versão censurada de seu serviço de buscas, para o mercado da China.


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