São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2008

Próximo Texto | Índice

SUCESSÃO NOS EUA / CARTA AO POVO AMERICANO

Em "argumento final", Obama promete virada econômica

Em Ohio, democrata retoma tom grandiloqüente do início da campanha e conclama eleitores à mobilização pela mudança

Candidato defende união contra política "que divide país para vencer eleição", mas identifica McCain como herdeiro de George W. Bush

Jason Reed/Reuters
Em Canton, Ohio, Obama diz que esperança pode vencer medo

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

A oito dias das eleições presidenciais americanas e na frente nas pesquisas de intenção de voto nacionais e nos principais Estados ainda em jogo, o candidato democrata Barack Obama marcou seu "argumento final" aos eleitores com os mesmos temas de "mudança" e "esperança" que lançaram sua candidatura, há 20 meses e 17 dias.
"Uma semana", começou.
"Estamos a uma semana de mudar os EUA. Em uma semana, podemos colocar um fim na política que divide um país apenas para ganhar uma eleição, que tenta jogar região contra região, cidade grande contra cidade pequena, republicano contra democrata, que nos pede medo num tempo em que precisamos de esperança."
Desta vez, no entanto, as palavras de significado amplo vieram amparadas por propostas econômicas concretas e ataques diretos a seu oponente, John McCain, e o colega de partido dele, George W. Bush. Em discurso para 5.000 pessoas, o senador de 47 anos detalhou seu plano de cortes de impostos e promoção de empregos, saúde pública e educação.
"A questão nesta eleição não é entre corte ou não de impostos", disse, "mas se você acredita que devemos recompensar apenas os mais ricos ou se devemos recompensar os mais ricos e os trabalhadores que os ajudaram a criar a riqueza. Darei corte de imposto a 95% dos americanos, (...) porque a última coisa de que precisamos nesta economia é aumentar impostos da classe média."
Obama adiantou também o que parecia ser o projeto de um plano de governo -o fez com cautela, para evitar o clima de arrogância que sua campanha teme, mas que já se enxerga aqui e ali, como nos preparativos para o megaevento da "festa de vitória" num dos maiores parques públicos de Chicago.
"Como presidente, garantirei que o plano de resgate do sistema financeiro ajude a parar os despejos [de mutuários inadimplentes], em vez de enriquecer CEOs."

Reencontro
O discurso de 30 minutos aconteceu em Canton, em Ohio, um dos Estados indecisos com mais peso no Colégio Eleitoral. Foi seguido de fala do republicano John McCain em que Obama foi atacado por entrevista que deu em 2001.
Se retomou o tom grandiloqüente que o candidato havia abandonado a partir da oficialização de sua candidatura, em agosto, Obama gastou a maior parte do tempo falando de medidas concretas dirigidas ao bolso do eleitor. É como se o Obama do primeiro semestre finalmente tivesse encontrado o do segundo semestre, rumo aos sete dias finais da campanha mais longa da história recente dos Estados Unidos.
O primeiro pode estar embalado pelo público que vem acompanhando seus comícios mais recentes. Só no último fim de semana, o democrata levou 200 mil pessoas a dois eventos diferentes no Colorado, 45 mil a Fort Collins, na Flórida, e 35 mil a Albuquerque, no Novo México.
Os números batem recordes históricos.
Apesar de pregar a união na fala e citar os republicanos positivamente em quatro ocasiões, Obama não poupou o rival. "Depois de 21 meses e três debates, o senador McCain ainda não conseguiu mostrar ao povo americano uma única questão fundamental que ele teria feito diferente de George W. Bush quanto à economia." O discurso marcou também o final da etapa que a campanha do democrata está chamando de "Turnê dos Estados Vermelhos", uma referência à cor tradicionalmente associada ao Partido Republicano e aos Estados em que Bush venceu em 2004. Nela, Obama visitou Carolina do Norte, Colorado, Flórida, Indiana, Nevada, Novo México e Virgínia.

Leia os discursos de Obama e McCain
www.folha.com.br/083014



Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.