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SUCESSÃO NOS EUA / CARTA AO POVO AMERICANO
Em "argumento final", Obama promete virada econômica
Em Ohio, democrata retoma tom grandiloqüente do início da campanha e conclama eleitores à mobilização pela mudança
Candidato defende união contra política "que divide país para vencer eleição", mas identifica McCain como herdeiro de George W. Bush
Jason Reed/Reuters
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Em Canton, Ohio, Obama diz que esperança pode vencer medo
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A oito dias das eleições presidenciais americanas e na frente
nas pesquisas de intenção de
voto nacionais e nos principais
Estados ainda em jogo, o candidato democrata Barack Obama
marcou seu "argumento final"
aos eleitores com os mesmos
temas de "mudança" e "esperança" que lançaram sua candidatura, há 20 meses e 17 dias.
"Uma semana", começou.
"Estamos a uma semana de
mudar os EUA. Em uma semana, podemos colocar um fim na
política que divide um país apenas para ganhar uma eleição,
que tenta jogar região contra
região, cidade grande contra cidade pequena, republicano
contra democrata, que nos pede medo num tempo em que
precisamos de esperança."
Desta vez, no entanto, as palavras de significado amplo vieram amparadas por propostas
econômicas concretas e ataques diretos a seu oponente,
John McCain, e o colega de partido dele, George W. Bush. Em
discurso para 5.000 pessoas, o
senador de 47 anos detalhou
seu plano de cortes de impostos
e promoção de empregos, saúde pública e educação.
"A questão nesta eleição não
é entre corte ou não de impostos", disse, "mas se você acredita que devemos recompensar
apenas os mais ricos ou se devemos recompensar os mais ricos e os trabalhadores que os
ajudaram a criar a riqueza. Darei corte de imposto a 95% dos
americanos, (...) porque a última coisa de que precisamos
nesta economia é aumentar
impostos da classe média."
Obama adiantou também o
que parecia ser o projeto de um
plano de governo -o fez com
cautela, para evitar o clima de
arrogância que sua campanha
teme, mas que já se enxerga
aqui e ali, como nos preparativos para o megaevento da "festa de vitória" num dos maiores
parques públicos de Chicago.
"Como presidente, garantirei
que o plano de resgate do sistema financeiro ajude a parar os
despejos [de mutuários inadimplentes], em vez de enriquecer CEOs."
Reencontro
O discurso de 30 minutos
aconteceu em Canton, em
Ohio, um dos Estados indecisos
com mais peso no Colégio Eleitoral. Foi seguido de fala do republicano John McCain em
que Obama foi atacado por entrevista que deu em 2001.
Se retomou o tom grandiloqüente que o candidato havia
abandonado a partir da oficialização de sua candidatura, em
agosto, Obama gastou a maior
parte do tempo falando de medidas concretas dirigidas ao
bolso do eleitor. É como se o
Obama do primeiro semestre
finalmente tivesse encontrado
o do segundo semestre, rumo
aos sete dias finais da campanha mais longa da história recente dos Estados Unidos.
O primeiro pode estar embalado pelo público que vem
acompanhando seus comícios
mais recentes. Só no último fim
de semana, o democrata levou
200 mil pessoas a dois eventos
diferentes no Colorado, 45 mil
a Fort Collins, na Flórida, e 35
mil a Albuquerque, no Novo
México.
Os números batem recordes
históricos.
Apesar de pregar a união na
fala e citar os republicanos positivamente em quatro ocasiões, Obama não poupou o rival. "Depois de 21 meses e três
debates, o senador McCain ainda não conseguiu mostrar ao
povo americano uma única
questão fundamental que ele
teria feito diferente de George
W. Bush quanto à economia."
O discurso marcou também o
final da etapa que a campanha
do democrata está chamando
de "Turnê dos Estados Vermelhos", uma referência à cor tradicionalmente associada ao
Partido Republicano e aos Estados em que Bush venceu em
2004. Nela, Obama visitou Carolina do Norte, Colorado, Flórida, Indiana, Nevada, Novo
México e Virgínia.
Leia os discursos de
Obama e McCain
www.folha.com.br/083014
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