São Paulo, quarta-feira, 28 de outubro de 2009

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Israel priva palestinos de água, diz Anistia

Relatório da ONG, refutado pelo governo israelense, aponta distribuição desigual de recurso natural

DA REDAÇÃO

Um relatório da ONG Anistia Internacional acusa Israel de privar os palestinos do direito à água nos territórios da faixa de Gaza e Cisjordânia e de manter o controle total das fontes conjuntas desse recurso natural.
Segundo cálculos da ONG -refutados pelo governo israelense-, Israel usa 80% da água do aquífero Montanha, única fonte subterrânea de água dos palestinos, que ficam com 20%. A Anistia estima que o consumo diário seja de 300 litros de água por pessoa entre israelenses e só de 70 entre palestinos -volume que cai para 20 entre palestinos de áreas rurais, mínimo recomendado para situações de emergência.
Israel chamou o relatório de "tendencioso" e disse que cumpre as obrigações definidas pelos Acordos de Oslo, de 1993 (norte para as negociações de paz na região). Segundo o país, o consumo diário entre seus habitantes é de 408 litros e, entre palestinos, 287 litros.
O país diz retirar da Cisjordânia menos água do que fazia em 1967 e culpa os palestinos pela escassez, por não reciclarem a água, por serem ineficientes na sua distribuição e por não perfurarem poços já autorizados.
No entanto, a Anistia defende que "40 anos de ocupação e de restrições impediram o desenvolvimento de uma infraestrutura [de tratamento] de água nos territórios palestinos, negando a milhões de pessoas o direito a comida, saúde e desenvolvimento econômico".
Enquanto isso, diz o relatório, "os 450 mil colonos israelenses na Cisjordânia têm piscinas e irrigação intensiva em suas fazendas", com mais água do que os 2,3 milhões de palestinos lá, forçados a pagar mais pela água trazida em caminhões, de higiene duvidosa. A situação é pior em Gaza, sob rígido bloqueio israelense.
A Anistia também cita o exemplo da vila de Beit Ula, na Cisjordânia, que possuía nove cisternas para armazenar água da chuva, construídas com dinheiro da União Europeia e dos moradores locais, palestinos. As cisternas foram destruídas pelo Exército israelense, alegando que a vila estava em "área militar restrita".
Em abril, relatório do Banco Mundial chegara a conclusões semelhantes às da Anistia e dissera que o sistema de água palestino "beirava a catástrofe".
Israel também tem enfrentado significativa falta d'água, e a partilha do recurso é tida como ponto importante das negociações de paz, hoje travadas.

Com agências internacionais



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