|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Israel priva palestinos de água, diz Anistia
Relatório da ONG, refutado pelo governo israelense, aponta distribuição desigual de recurso natural
DA REDAÇÃO
Um relatório da ONG Anistia
Internacional acusa Israel de
privar os palestinos do direito à
água nos territórios da faixa de
Gaza e Cisjordânia e de manter
o controle total das fontes conjuntas desse recurso natural.
Segundo cálculos da ONG
-refutados pelo governo israelense-, Israel usa 80% da água
do aquífero Montanha, única
fonte subterrânea de água dos
palestinos, que ficam com 20%.
A Anistia estima que o consumo diário seja de 300 litros de
água por pessoa entre israelenses e só de 70 entre palestinos
-volume que cai para 20 entre
palestinos de áreas rurais, mínimo recomendado para situações de emergência.
Israel chamou o relatório de
"tendencioso" e disse que cumpre as obrigações definidas pelos Acordos de Oslo, de 1993
(norte para as negociações de
paz na região). Segundo o país,
o consumo diário entre seus
habitantes é de 408 litros e, entre palestinos, 287 litros.
O país diz retirar da Cisjordânia menos água do que fazia em
1967 e culpa os palestinos pela
escassez, por não reciclarem a
água, por serem ineficientes na
sua distribuição e por não perfurarem poços já autorizados.
No entanto, a Anistia defende que "40 anos de ocupação e
de restrições impediram o desenvolvimento de uma infraestrutura [de tratamento] de
água nos territórios palestinos,
negando a milhões de pessoas o
direito a comida, saúde e desenvolvimento econômico".
Enquanto isso, diz o relatório, "os 450 mil colonos israelenses na Cisjordânia têm piscinas e irrigação intensiva em
suas fazendas", com mais água
do que os 2,3 milhões de palestinos lá, forçados a pagar mais
pela água trazida em caminhões, de higiene duvidosa. A
situação é pior em Gaza, sob rígido bloqueio israelense.
A Anistia também cita o
exemplo da vila de Beit Ula, na
Cisjordânia, que possuía nove
cisternas para armazenar água
da chuva, construídas com dinheiro da União Europeia e dos
moradores locais, palestinos.
As cisternas foram destruídas
pelo Exército israelense, alegando que a vila estava em
"área militar restrita".
Em abril, relatório do Banco
Mundial chegara a conclusões
semelhantes às da Anistia e dissera que o sistema de água palestino "beirava a catástrofe".
Israel também tem enfrentado significativa falta d'água, e a
partilha do recurso é tida como
ponto importante das negociações de paz, hoje travadas.
Com agências internacionais
Texto Anterior: EUA amargam novo recorde no Afeganistão Próximo Texto: Moçambique realiza 4ª eleição pós-guerra civil sob continuísmo Índice
|