São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2011

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Governo interino promete apurar a morte de Gaddafi

Responsável será julgado, diz líder líbio; versão oficial fala em troca de tiros

Premiê relativiza sua fala sobre lei islâmica; ONU suspende nesta 2ª autorização para que Otan atue na Líbia

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Após pressões internacionais, o Conselho Nacional de Transição, que governa interinamente a Líbia, afirmou que investigará as circunstâncias da morte do ditador Muammar Gaddafi, no dia 20, e levará os responsáveis à Justiça se houver comprovação de que ele foi assassinado.
"Já abrimos uma investigação e seguimos um código de ética quanto ao tratamento dos prisioneiros de guerra. Tenho certeza de que foi um ato individual, e não ação revolucionária ou do Exército", disse Abdel Hafiz Ghoga, vice-presidente do CNT.
"O responsável [pela morte do ditador], quem quer que seja, será julgado e receberá o que for justo", acrescentou o vice-presidente.
Gaddafi foi capturado e morto na semana passada ao tentar sair de sua terra natal, Sirte, onde se escondera depois que as forças rebeldes tomaram Trípoli, em agosto.
A versão oficial do CNT é que o ditador morreu numa troca de tiros com os insurgentes. Vídeos divulgados desde a semana passada, porém, mostram não só indícios de assassinato sumário como suspeitas de abuso sexual.
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos já havia pedido apuração dos acontecimentos que levaram à morte de Gaddafi.
Ontem, o premiê russo, Vladimir Putin, chamou de "repugnantes" as imagens da morte do ditador divulgadas pela imprensa. Na terça à noite, o presidente dos EUA, Barack Obama, já havia afirmado que faltava "decoro".
Gaddafi foi enterrado em local secreto no deserto na terça. Ontem, uma fonte do CNT disse que seu filho Saif al Islam, dado como desaparecido, se refugiou no Níger.
Em outra tentativa de responder às pressões de países do Ocidente, o premiê do CNT, Mustafá Abdul Jalil, disse ontem que gostaria de "assegurar à comunidade internacional que, como líbios, somos islâmicos moderados".
Em declaração anterior, Jalil dissera que a base da futura legislação líbia seria a sharia (código islâmico de regras), o que tornaria sem efeito todas as leis que estivessem em desacordo com ela.
Sob Gaddafi, as leis líbias combinavam elementos laicos à sharia. A fala inicial do premiê do CNT frustrou as potências ocidentais que apoiaram a oposição apostando em uma sociedade mais livre.
Ontem, o Conselho de Segurança da ONU decidiu que suspenderá nesta segunda-feira a resolução que permitiu a intervenção da Otan (aliança militar ocidental) no conflito em território líbio.
O governo interino da Líbia havia pedido que o CS esperasse até o CNT decidir se a ajuda da Otan era necessária para proteger as fronteiras, mas não foi atendido.

'PRINCESA AFRICANA'
Nas memórias que está prestes a lançar, a ex-secretária de Estado dos EUA Condoleezza Rice conta que Gaddafi a chamava de "princesa africana" e encomendou canção em sua homenagem a um autor líbio. Ela classificou o encontro como um dos mais estranhos que teve no cargo.



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