São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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GUERRA NO CÁUCASO
Cidade está sob intenso bombardeio das forças russas; prefeito afirma que há 260 mortos
População foge da capital tchetchena

das agências internacionais

Os intensos bombardeios russos à capital da Tchetchênia, Grozni, estão provocando um êxodo dos habitantes. Segundo uma autoridade tchetchena, pelo menos 260 pessoas morreram nos ataques dos últimos dias.
O comando militar russo informou ontem, segundo a agência de notícias russa "Interfax", que só cessará os ataques quando "libertar" a cidade dos rebeldes islâmicos, acusados por Moscou de separatismo e terrorismo.
Mas os militares descartam uma tomada rápida de Grozni, indicando que o cerco à cidade deve se estender até dezembro.
A ofensiva na Tchetchênia começou em setembro. A região, que formalmente é território russo, gozava de autonomia desde a guerra de independência com a Rússia (1994-96), que deixou 40 mil mortos.
O governo russo acusa a Tchetchênia (de maioria muçulmana) de abrigar grupos rebeldes islâmicos, suspeitos de uma onda de atentados terroristas que deixou mais de 300 mortos na Rússia, entre agosto e setembro. Moscou acusa ainda os extremistas de apoiarem uma revolta separatista na vizinha região do Daguestão.
Para evitar o elevado número de baixas da guerra anterior, o comando militar russo tem adotado a estratégia de bombardear intensamente uma área antes de ocupá-la, avançando lentamente.
Isso tem provocado um grande número de mortes entre civis, fato que vem sendo condenado pelos países ocidentais. Já há cerca de 200 mil refugiados tchetchenos na vizinha região da Inguchétia.
Tchetchênia, Daguestão e Inguchétia (todas pertencentes à Rússia) ficam no Cáucaso, região montanhosa onde também estão localizados países independentes, como a Geórgia e o Azerbaijão.
Segundo o prefeito de Grozni, Lesha Dudaiev, pelo menos 260 pessoas morreram devido aos bombardeiros russos à cidade no últimos dias. Esse número não teve confirmação independente.
"Há uma fumaça densa sobre a capital tchetchena", afirmava ontem o web site oficial da região, que estimava em 320 o número de mortos entre sexta e ontem.
Segundo o correspondente da emissora russa NTV, Grozni estava ontem sob intenso bombardeio e parte da população fugia por um corredor deixado pelos russos no sudeste da cidade.
O Cáucaso é um importante centro produtor e distribuidor de petróleo. Apesar da alegação de perseguir extremistas islâmicos, analistas afirmam que a campanha militar visa reafirmar o predomínio russo na região.
Além disso, a ofensiva vem rendendo dividendos políticos ao presidente Boris Ieltsin, às vésperas da eleição parlamentar de dezembro. Seu candidato a presidente em 2000, o premiê Vladimir Putin, já lidera as pesquisas.


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