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GUERRA NO CÁUCASO
Cidade está sob intenso bombardeio das forças russas; prefeito afirma que há 260 mortos
População foge da capital tchetchena
das agências internacionais
Os intensos bombardeios russos à capital da Tchetchênia,
Grozni, estão provocando um
êxodo dos habitantes. Segundo
uma autoridade tchetchena, pelo
menos 260 pessoas morreram nos
ataques dos últimos dias.
O comando militar russo informou ontem, segundo a agência de
notícias russa "Interfax", que só
cessará os ataques quando "libertar" a cidade dos rebeldes islâmicos, acusados por Moscou de separatismo e terrorismo.
Mas os militares descartam
uma tomada rápida de Grozni, indicando que o cerco à cidade deve
se estender até dezembro.
A ofensiva na Tchetchênia começou em setembro. A região,
que formalmente é território russo, gozava de autonomia desde a
guerra de independência com a
Rússia (1994-96), que deixou 40
mil mortos.
O governo russo acusa a Tchetchênia (de maioria muçulmana)
de abrigar grupos rebeldes islâmicos, suspeitos de uma onda de
atentados terroristas que deixou
mais de 300 mortos na Rússia, entre agosto e setembro. Moscou
acusa ainda os extremistas de
apoiarem uma revolta separatista
na vizinha região do Daguestão.
Para evitar o elevado número de
baixas da guerra anterior, o comando militar russo tem adotado
a estratégia de bombardear intensamente uma área antes de ocupá-la, avançando lentamente.
Isso tem provocado um grande
número de mortes entre civis, fato
que vem sendo condenado pelos
países ocidentais. Já há cerca de
200 mil refugiados tchetchenos na
vizinha região da Inguchétia.
Tchetchênia, Daguestão e Inguchétia (todas pertencentes à Rússia) ficam no Cáucaso, região
montanhosa onde também estão
localizados países independentes,
como a Geórgia e o Azerbaijão.
Segundo o prefeito de Grozni,
Lesha Dudaiev, pelo menos 260
pessoas morreram devido aos
bombardeiros russos à cidade no
últimos dias. Esse número não teve confirmação independente.
"Há uma fumaça densa sobre a
capital tchetchena", afirmava ontem o web site oficial da região,
que estimava em 320 o número de
mortos entre sexta e ontem.
Segundo o correspondente da
emissora russa NTV, Grozni estava ontem sob intenso bombardeio e parte da população fugia
por um corredor deixado pelos
russos no sudeste da cidade.
O Cáucaso é um importante
centro produtor e distribuidor de
petróleo. Apesar da alegação de
perseguir extremistas islâmicos,
analistas afirmam que a campanha militar visa reafirmar o predomínio russo na região.
Além disso, a ofensiva vem rendendo dividendos políticos ao
presidente Boris Ieltsin, às vésperas da eleição parlamentar de dezembro. Seu candidato a presidente em 2000, o premiê Vladimir
Putin, já lidera as pesquisas.
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