|
Próximo Texto | Índice
IRAQUE OCUPADO
Em visita de surpresa, presidente americano passa duas horas e meia no Iraque para dar moral às tropas
Bush festeja Ação de Graças em Bagdá
DA REDAÇÃO
Os 600 soldados americanos
reunidos ontem no aeroporto internacional de Bagdá sabiam que
receberiam um convidado ilustre
para o jantar de Ação de Graças,
mas não imaginavam que ele seria o presidente dos EUA.
Numa viagem cercada de sigilo
absoluto e que se tornou a primeira visita de um presidente americano ao país, George W. Bush deixou seu rancho no Texas às escondidas para celebrar o Dia de
Ação de Graças com os soldados
que enviou ao Iraque, num momento em que o moral da tropa e
o apoio à ocupação estão caindo.
"Eu estava procurando uma refeição quente. Obrigado por me
convidarem para jantar... Não
consigo imaginar um pessoal
mais bacana para passar o jantar
de Ação de Graças", disse o presidente, emocionado, após ser recebido com palmas e gritos que tornaram o discurso quase inaudível.
Os soldados, segundo porta-vozes da Casa Branca, não sabiam
de nada. Eles haviam esperado
por mais de uma hora no refeitório do aeroporto, sabendo só que
comeriam peru para comemorar
a data com o chefe da Autoridade
Provisória da Coalizão, o diplomata Paul Bremer, e o comandante das forças americanas no Iraque, o general Ricardo Sanchez.
Visivelmente nervoso, Bremer
subiu ao palco com o general e
afirmou que o discurso de Ação
de Graças enviado às tropas pelo
presidente deveria ser lido pela
"autoridade americana mais graduada" presente na sala. Com as
mãos trêmulas, segurando o discurso, Bremer perguntou: "Há alguém aí mais graduado do que
nós?". Foi a deixa para Bush entrar. Com uma jaqueta militar, ele
irrompeu pelo salão e subiu ao
palco sob os gritos dos militares,
que, estupefatos, se levantaram
para aplaudi-lo. Uma lágrima escorreu no rosto do presidente.
"Trago uma mensagem em nome da América: nós agradecemos
pelo seu serviço e estamos orgulhosos de vocês. Vocês estão aqui
lutando contra os terroristas para
que nós não tenhamos de enfrentá-los em nosso país", disse Bush.
"Não avançamos centenas de milhas até o coração do Iraque, pagamos um preço amargo em vidas, derrotamos um ditador cruel
e liberamos 25 milhões de pessoas
para depois recuarmos diante de
um bando de bandidos e assassinos. Venceremos porque nossa
causa é justa."
Depois, Bush cumprimentou alguns soldados e entrou na fila para se servir. Comeu batata-doce e
milho e posou com uma travessa
de peru assado. Depois, se reuniu
com Bremer, Sanchez, sua assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, Jalal Talabani, presidente do Conselho de Governo
Iraquiano, e mais três iraquianos
no próprio aeroporto, embarcando de volta para os EUA após
duas horas e meia.
A visita serviu para levantar o
moral das tropas americanas
num momento em que, segundo
o comando militar dos EUA, elas
sofrem uma média de 30 ataques
diários que, desde o início do mês,
mataram cerca de 70 soldados
americanos. O Pentágono diz que
434 soldados dos EUA morreram
desde a invasão do Iraque, em
março -296 deles após Bush declarar o fim dos principais combates, em maio.
Apenas 47% dos americanos
aprovam a maneira como o presidente conduz a questão iraquiana, segundo pesquisa do jornal
"Washington Post" deste mês.
O recruta Telo Monahan viu o
episódio como "uma demonstração de confiança em nossa capacidade de proteger a nós e a ele".
Antes de Bush, as autoridades
da coalizão que já estiveram no
Iraque são os secretários americanos de Estado, Colin Powell, e da
Defesa, Donald Rumsfeld, e o premiê britânico, Tony Blair, e seu
chanceler, Jack Straw.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Frases Índice
|