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São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Em visita de surpresa, presidente americano passa duas horas e meia no Iraque para dar moral às tropas

Bush festeja Ação de Graças em Bagdá

DA REDAÇÃO

Os 600 soldados americanos reunidos ontem no aeroporto internacional de Bagdá sabiam que receberiam um convidado ilustre para o jantar de Ação de Graças, mas não imaginavam que ele seria o presidente dos EUA.
Numa viagem cercada de sigilo absoluto e que se tornou a primeira visita de um presidente americano ao país, George W. Bush deixou seu rancho no Texas às escondidas para celebrar o Dia de Ação de Graças com os soldados que enviou ao Iraque, num momento em que o moral da tropa e o apoio à ocupação estão caindo.
"Eu estava procurando uma refeição quente. Obrigado por me convidarem para jantar... Não consigo imaginar um pessoal mais bacana para passar o jantar de Ação de Graças", disse o presidente, emocionado, após ser recebido com palmas e gritos que tornaram o discurso quase inaudível.
Os soldados, segundo porta-vozes da Casa Branca, não sabiam de nada. Eles haviam esperado por mais de uma hora no refeitório do aeroporto, sabendo só que comeriam peru para comemorar a data com o chefe da Autoridade Provisória da Coalizão, o diplomata Paul Bremer, e o comandante das forças americanas no Iraque, o general Ricardo Sanchez.
Visivelmente nervoso, Bremer subiu ao palco com o general e afirmou que o discurso de Ação de Graças enviado às tropas pelo presidente deveria ser lido pela "autoridade americana mais graduada" presente na sala. Com as mãos trêmulas, segurando o discurso, Bremer perguntou: "Há alguém aí mais graduado do que nós?". Foi a deixa para Bush entrar. Com uma jaqueta militar, ele irrompeu pelo salão e subiu ao palco sob os gritos dos militares, que, estupefatos, se levantaram para aplaudi-lo. Uma lágrima escorreu no rosto do presidente.
"Trago uma mensagem em nome da América: nós agradecemos pelo seu serviço e estamos orgulhosos de vocês. Vocês estão aqui lutando contra os terroristas para que nós não tenhamos de enfrentá-los em nosso país", disse Bush. "Não avançamos centenas de milhas até o coração do Iraque, pagamos um preço amargo em vidas, derrotamos um ditador cruel e liberamos 25 milhões de pessoas para depois recuarmos diante de um bando de bandidos e assassinos. Venceremos porque nossa causa é justa."
Depois, Bush cumprimentou alguns soldados e entrou na fila para se servir. Comeu batata-doce e milho e posou com uma travessa de peru assado. Depois, se reuniu com Bremer, Sanchez, sua assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, Jalal Talabani, presidente do Conselho de Governo Iraquiano, e mais três iraquianos no próprio aeroporto, embarcando de volta para os EUA após duas horas e meia.
A visita serviu para levantar o moral das tropas americanas num momento em que, segundo o comando militar dos EUA, elas sofrem uma média de 30 ataques diários que, desde o início do mês, mataram cerca de 70 soldados americanos. O Pentágono diz que 434 soldados dos EUA morreram desde a invasão do Iraque, em março -296 deles após Bush declarar o fim dos principais combates, em maio.
Apenas 47% dos americanos aprovam a maneira como o presidente conduz a questão iraquiana, segundo pesquisa do jornal "Washington Post" deste mês.
O recruta Telo Monahan viu o episódio como "uma demonstração de confiança em nossa capacidade de proteger a nós e a ele".
Antes de Bush, as autoridades da coalizão que já estiveram no Iraque são os secretários americanos de Estado, Colin Powell, e da Defesa, Donald Rumsfeld, e o premiê britânico, Tony Blair, e seu chanceler, Jack Straw.


Com agências internacionais

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