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Correa promete "reforma profunda" no Equador
Esquerdista diz que convocará Constituinte e não renovará acordo militar com EUA
Com 50,14% das urnas
apuradas, economista
obteve 68,1% dos votos,
contra 31,8% do candidato
direitista Álvaro Noboa
DA REDAÇÃO
O economista de esquerda
Rafael Correa, eleito presidente do Equador, afirmou ontem
que irá promover uma profunda reforma política no país,
apoiado pela ampla vantagem
de votos que obteve sobre seu
adversário. Entre suas primeiras medidas, ele anunciou a
realização de uma Assembléia
Constituinte e a não renovação
do acordo que permite que os
EUA utilizem a base militar de
Manta, no litoral do país.
Com 50,14% das urnas apuradas, Correa obteve 68,1% dos
votos no segundo turno realizado no domingo - 36,3 pontos
acima do empresário conservador Álvaro Noboa (31,8%), segundo dados divulgados ontem
pelo Supremo Tribunal Eleitoral. O resultado oficial deve sair
hoje, e o novo governo toma
posse em 15 de janeiro.
"O povo me deu um mandato
claro, com a segunda maior
margem nos últimos 30 anos de
democracia", afirmou Correa
em Guayaquil. "Queremos uma
reforma política profunda."
Noboa, o homem mais rico
do Equador e pela terceira vez
derrotado em eleições presidenciais, pediu a recontagem
de votos, mas o pedido foi rejeitado pelo TSE.
A missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) disse
que o processo ocorreu sem incidentes maiores e que foi "legítimo, transparente e correto".
Em Washington, o Departamento de Estado limitou-se a
dizer que os EUA estão "prontos para trabalhar" com o novo
governo equatoriano.
Coube ao secretário-geral da
OEA, o chileno José Miguel Insulza, explicar a ampla vitória
de Correa -que havia chegado
em segundo lugar no primeiro
turno. "Correa fez um grande
esforço, um esforço maciço, para apresentar no segundo turno
um programa moderado que
atraiu uma quantidade imensa
de eleitores." Mas alertou:
"[Ele] terá de responder por todo esse eleitorado".
Governabilidade
Oitavo presidente no Equador em dez anos, Correa porá
novamente à prova a governabilidade do país diante de um
Congresso recém-eleito dominado por adversários - ele decidiu não apresentar candidatos a deputado - e que irá limitar sua capacidade de levar
adiante uma agenda legislativa.
O principal ponto de fricção
será precisamente a convocação de uma Assembléia Constituinte por consulta popular,
sua principal bandeira de campanha, além do Tratado de Livre Comércio com os EUA, a
que o presidente se opõe.
"Prevemos que o impasse e a
confrontação entre o Executivo
e o Legislativo irão subir a novos níveis sob um governo Correa", afirmou em nota a consultoria Goldman Sachs.
Outro tema espinhoso é a
prometida renegociação da dívida externa equatoriana. Ricardo Patino, futuro ministro
da Economia, disse ao jornal
equatoriano "El Comercio" que
não descarta a possibilidade de
uma moratória do pagamento
dos juros da dívida.
Sobre a base em Manta, centro das operações militares dos
EUA na região, Correa disse
ontem que irá esperar que o
convênio expire, em 2009, para
então pedir a retirada dos militares americanos. Sua intenção, disse, é construir aí um aeroporto internacional. "Respeitamos os tratados internacionais, mas em 2009, quando
vence a vigência do acordo de
Manta, não o renovaremos."
Correa relembrou ainda sua
aliança ao venezuelano Hugo
Chávez, mas disse que seu governo será independente de
Caracas. "Vamos nos aproximar muito, muito de Chávez",
disse em entrevista ao Canal 8
de TV. "Chávez é meu amigo
pessoa, mas na minha casa não
mandam meus amigos, mando
eu. E no Equador, serão os
equatorianos."
Com agências internacionais
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