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Presença da Síria em Annapolis visa isolar Irã no Oriente Médio
DO ENVIADO A ANNAPOLIS
A surpresa da conferência de
ontem não foi só a aceitação na
última hora por israelenses e
palestinos da divulgação de um
documento conjunto e do prazo de 2008 para o tratado de
paz. Há uma improvável aliança sendo formada entre países
árabes, EUA e, por tabela, Israel. O objetivo comum: conter
a ascensão do Irã no Oriente
Médio.
Nesse sentido, a adesão mais
importante foi a da Síria. Apesar de ter tratado com aparente
desprezo a reunião de ontem
-foi enviado um funcionário
de segundo escalão, e apenas na
última hora-, o presidente
Bashar Assad fez questão de
marcar presença no encontro,
mesmo depois de supostamente ter recebido telefonema do
presidente iraniano, Mahmoud
Ahmadinejad, pedindo que o
boicotasse.
Alguns diplomatas acreditavam que a aliança de 25 anos
entre Teerã e Damasco pode
ter começado a desmoronar na
terça-feira. Se for isso mesmo, a
vitória é não só de Israel, que há
poucas semanas atacou uma
suposta instalação para fins nucleares na Síria, mas dos EUA,
que teriam finalmente conseguido cortar o duto que mantém vivos os grupos extremistas islâmicos alocados no sul do
Líbano e em partes dos territórios palestinos.
Editorial de ontem do diário
estatal sírio "Tishrin" defendia
a presença do país em Annapolis, afirmando que a Síria está
disposta "a ir até o fim da Terra" para atingir seus objetivos
pacíficos.
Não é o que pensa David
Schenker, expert em política
árabe do Washington Institute
for Near East Policy, para quem
Damasco consultou Teerã antes de enviar representante á
cúpula, e o ato representa interesses comuns.
O fato é que a Síria tem mostrado boa vontade ao controlar
com mais eficiência, por exemplo, sua fronteira com o Iraque.
Segundo o comando militar
norte-americano, caiu o número de homens-bomba e insurgentes estrangeiros de origem
síria naquele país, ao mesmo
tempo em que aumentou o dos
de origem saudita.
Mas analistas acreditam que
há mais por trás da decisão de
Bashar Assad. A Síria quer de
volta as colinas do Golã, tomadas por Israel em 1967, posição
apoiada por diversos países
presentes em Annapolis. Damasco acha que o momento é
bom para que Washington faça
pressão sobre seu principal
aliado no Oriente Médio.
À tarde, indagada sobre o
convite feito ao país, a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, disse que a Síria foi convidada no contexto do Comitê Árabe de Follow-Up, que faz parte
do processo de paz. "Eles foram
convidados, mandaram seu vice-chanceler", disse. Sobre Golã, foi evasiva: "Se Israel e Síria
estão negociando algo, teremos
de esperar para ver".
(SD)
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