São Paulo, sábado, 28 de novembro de 2009

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Favorito afirma que não vetaria a descriminalização do aborto

DA ENVIADA A MONTEVIDÉU

O candidato favorito à Presidência do Uruguai, José Mujica, da coalizão de esquerda Frente Ampla, anunciou que, se eleito amanhã, não pretende propor um projeto de lei para a descriminalização do aborto, mas que não vetará iniciativa nesse sentido -diferentemente do que fez, no ano passado, o atual presidente, Tabaré Vázquez, que também é membro da mesma coalizão.
Há chance de o tema voltar a ser discutido no Congresso. A descriminalização do aborto é uma reivindicação das lideranças femininas da Frente Ampla, que apontaram, durante a campanha eleitoral, uma eventual legalização do aborto como um avanço a ser confirmado pela nova gestão da sigla, sob o comando de Mujica, que se situa à esquerda de Vázquez.
No ano passado, tanto a Câmara de Deputados como o Senado uruguaios aprovaram o projeto que retirava a classificação de crime para a interrupção voluntária da gravidez até a 16 semana de gestação. O texto passou por 49 votos a 48 na Câmara, e por 17 a 11 no Senado.
Vázquez decidiu vetá-lo. O presidente justificou sua decisão pelo fato de ser médico e ter feito o juramento de Hipócrates, que o obriga a defender a vida. No entanto, a fé católica do presidente e de sua mulher são recorrentemente apontados pela população como fator de peso na decisão.
Mujica -que foi ministro de Vázquez (Agricultura e Pesca) e atualmente tem uma cadeira no Senado- ressaltou durante sua campanha a defesa da laicidade do Estado e criticou seu rival, Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional, de centro-direita, por insinuar a interferência divina no resultado das eleições -quando Mujica não conseguiu vencer em primeiro turno, em 25 de outubro.
"A Frente Ampla soube explorar muito bem esse eixo da campanha -de oposição entre o laico e o religioso", diz o analista político Óscar Bottinelli.


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