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Favorito afirma que não vetaria a descriminalização do aborto
DA ENVIADA A MONTEVIDÉU
O candidato favorito à Presidência do Uruguai, José Mujica, da coalizão de esquerda
Frente Ampla, anunciou que,
se eleito amanhã, não pretende
propor um projeto de lei para a
descriminalização do aborto,
mas que não vetará iniciativa
nesse sentido -diferentemente do que fez, no ano passado, o
atual presidente, Tabaré Vázquez, que também é membro
da mesma coalizão.
Há chance de o tema voltar a
ser discutido no Congresso. A
descriminalização do aborto é
uma reivindicação das lideranças femininas da Frente Ampla,
que apontaram, durante a campanha eleitoral, uma eventual
legalização do aborto como um
avanço a ser confirmado pela
nova gestão da sigla, sob o comando de Mujica, que se situa à
esquerda de Vázquez.
No ano passado, tanto a Câmara de Deputados como o Senado uruguaios aprovaram o
projeto que retirava a classificação de crime para a interrupção voluntária da gravidez até a
16 semana de gestação. O texto
passou por 49 votos a 48 na Câmara, e por 17 a 11 no Senado.
Vázquez decidiu vetá-lo. O
presidente justificou sua decisão pelo fato de ser médico e ter
feito o juramento de Hipócrates, que o obriga a defender a vida. No entanto, a fé católica do
presidente e de sua mulher são
recorrentemente apontados
pela população como fator de
peso na decisão.
Mujica -que foi ministro de
Vázquez (Agricultura e Pesca) e
atualmente tem uma cadeira
no Senado- ressaltou durante
sua campanha a defesa da laicidade do Estado e criticou seu
rival, Luis Alberto Lacalle, do
Partido Nacional, de centro-direita, por insinuar a interferência divina no resultado das eleições -quando Mujica não conseguiu vencer em primeiro turno, em 25 de outubro.
"A Frente Ampla soube explorar muito bem esse eixo da
campanha -de oposição entre
o laico e o religioso", diz o analista político Óscar Bottinelli.
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