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PAQUISTÃO CONFLAGRADO
Bush teme colapso de plano para levar democracia ao país
EUA queriam que reconciliação de Benazir com ditador criasse regime eficaz no combate ao terrorismo islâmico
Para Bush, foi "ato covarde
de extremistas assassinos";
Brown diz em Londres que
terroristas não vão impor as
diretrizes para o Paquistão
DA REDAÇÃO
O assassinato de Benazir
Bhutto compromete o pilar
central da política americana
no Paquistão, que consistia em
reconciliar a ex-primeira-ministra com o ditador Pervez
Musharraf para permitir o retorno do país à democracia.
O presidente George W.
Bush reagiu ao atentado em
termos bastante duros. "Os Estados Unidos condenam com
vigor esse ato covarde de extremistas assassinos que estão
tentando destruir a democracia
paquistanesa." Afirmou que
"esses criminosos devem ser levados à Justiça" e que Benazir,
"ao voltar ao Paquistão, sabia
que sua vida estaria correndo
risco e mesmo assim recusou
delegar aos assassinos a missão
de ditar os rumos de seu país".
Em Londres, o primeiro-ministro, Gordon Brown, disse
que não se deve permitir que os
terroristas que mataram a ex-premiê "possam matar a democracia no Paquistão". Qualificou o atentado de "atrocidade"
e disse que o terrorismo não
sairá vencedor do confronto.
Brown tem razões históricas
para se pronunciar. O Paquistão integrava o território da Índia, parte do Império Britânico
até 1947. Benazir formou-se em
Oxford, a exemplo de parte da
elite paquistanesa, e os imigrantes paquistaneses compõem a maior comunidade islâmica no Reino Unido.
Combate ao terrorismo
Mais recentemente, Londres
se engajou ao lado dos Estados
Unidos no vizinho Afeganistão,
onde o governo local -a exemplo, aliás, de Musharraf- não
consegue neutralizar os radicais islâmicos do Taleban e
seus aliados da Al Qaeda.
Quanto aos Estados Unidos,
o Paquistão é uma das "peças-chave" na guerra ao terrorismo,
desencadeada após o 11 de Setembro. Mas é uma guerra ineficiente e cara para o contribuinte americano -US$ 10 bilhões enviados ao ditador local
e outros US$ 785 milhões prometidos para 2008.
Para Washington, o Exército
e a burocracia paquistaneses
ganhariam em eficácia com a
abertura do regime. A democratização teria como contrapartida um controle mais
transparente do arsenal nuclear paquistanês, que teoricamente pode cair em mãos de
grupos extremistas islâmicos.
A administração Bush destacou o subsecretário de Estado
John Negroponte para pressionar pessoalmente Musharraf a
suspender a prisão domiciliar
imposta a Benazir depois de
seu retorno do exílio.
A reconciliação do ditador
com a ex-premiê foi monitorada por outro diplomata, Richard Boucher, secretário-assistente de Estado para a região. No plano interno, Bush
precisou também se curvar ao
Congresso, que sabia que a ditadura paquistanesa estava minada pela corrupção e, por isso,
condiciona a liberação de verbas a iniciativas concretas de
abertura política.
Na última quarta-feira, o
Congresso liberou US$ 300 milhões, mediante a garantia de
que a secretária Condoleezza
Rice obtivesse do Paquistão
iniciativas democratizantes.
O Congresso é particularmente sensível à libertação de
prisioneiros políticos e à independência do Judiciário
-Musharraf chegou a destituir
o presidente da Corte Suprema
para viabilizar sua candidatura
presidencial.
Com agências internacionais
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