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Israel bombardeia Gaza e mata mais de 225
Há mulheres e crianças entre os mortos; israelenses dizem que ação, a maior em quatro décadas, retalia disparos de foguetes pelo Hamas
Militantes palestinos prometem resistir "até a última gota de sangue"; Exército alerta que operação vai continuar e pode crescer
Said Khatib/France Presse
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Palestinos observam corpos de vítimas; ataque retalia disparos de foguete contra o sul de Israel, que ontem deixaram um morto
DA REDAÇÃO
No ápice de uma escalada de
tensões e a pouco mais de um
mês das eleições em Israel, a
Força Aérea israelense disparou cerca de cem bombas contra alvos na faixa de Gaza, no
meio da manhã de ontem, matando ao menos 225 pessoas,
ferindo cerca de 700 e destruindo postos policiais do Hamas, o grupo radical palestino
que venceu a eleição de 2006 e
hoje domina o território.
Em um intervalo de cinco
minutos, 40 bombas foram disparadas, disse o jornal "Haaretz". O ataque, que ocorreu em
um horário pouco usual em que
as pessoas estavam nas ruas,
não tem precedentes em Gaza e
fez de ontem o dia mais sangrento no território palestino
em mais de 40 anos.
Os israelenses confirmaram
a ofensiva e disseram que visavam a infra-estrutura do Hamas, em resposta aos disparos
de foguetes contra o sul de Israel. Disseram ainda que aumentarão a intensidade dos
ataques caso seja preciso
"A operação seguirá e se intensificará se for necessário",
disse o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak.
O premiê Ehud Olmert advertiu que a ação pode durar
mais. "Pode levar tempo e cada
um de nós deve ser paciente para que completemos a missão."
Já o Hamas qualificou o ataque como "carnificina israelense" e jurou vingança. "Conclamo a começar uma terceira Intifada [revolta]" disse o líder do
Hamas Ismail Haniyeh à TV Al
Jazeera. "O Hamas vai continuar a resistência até a última
gota de sangue", afirmou Fawzi
Barhoum, porta-voz do Hamas.
Em meio à operação militar
israelense ontem, foguetes disparados pelo Hamas contra o
sul de Israel mataram uma pessoa e feriram outras quatro na
cidade de Netivot, informaram
fontes médicas israelenses.
Médicos disseram que mais
de 120 pessoas morreram na
Cidade de Gaza e 23 pessoas
morreram em Khan Younis e
Rafah, no sul do território palestino. Segundo o Hamas, cerca de cem policiais morreram,
além de 15 mulheres e crianças.
A faixa de Gaza estava totalmente bloqueada. Depois dos
ataques, o Egito abriu sua fronteira com o território para permitir que os feridos recebessem cuidados médicos. Segundo o porta-voz da polícia, Islam
Shahwan, uma base na Cidade
de Gaza que abrigava uma cerimônia de graduação foi atacada. Recrutas morreram.
Fim de trégua
A situação começou a se deteriorar depois que o Hamas
venceu as eleições palestinas,
em 2006. No ano seguinte, após
intensos conflitos, o grupo islâmico assumiu o controle da faixa de Gaza ao expulsar o Fatah,
facção rival que controla a Cisjordânia e preside a Autoridade
Nacional Palestina, do presidente Mahmoud Abbas. Nem
Israel nem EUA reconhecem o
Hamas como interlocutor.
A trégua entre Hamas e Israel, mediada pelo Egito, tinha
seis meses de duração e expirou
no último dia 19. O grupo disse
que não renovaria o acordo
porque sua contraparte não
manteve a promessa de suspender o bloqueio imposto ao
território nem os ataques.
Desde então, foram disparados dezenas de foguetes por
militantes islâmicos contra o
sul do território israelense, o
que mantém a região sob clima
de terror constante, apesar da
ausência de mortos. Segundo o
jornal "El País", só na última
semana foram mais de 200.
Nesta semana, o Hamas havia dito estar aberto à trégua, e,
anteontem, Israel autorizara
temporariamente a entrada de
comida e combustível em Gaza,
que vive uma grave crise humanitária devido ao bloqueio.
Ação terrestre
Israel já havia anunciado que
estudava lançar uma ofensiva
terrestre limitada contra o território palestino. Mas o custo
político pode ser maior do que
o de ataques aéreos, sem o ônus
de eventuais baixas de soldados
israelenses. As eleições gerais
em Israel acontecem em 10 de
fevereiro, e tanto a chanceler
Tzipi Livni quanto o ministro
Ehud Barak são candidatos.
Um oficial do Exército israelense disse que uma campanha
por terra ainda não está descartada: "Nós não temos limite de
tempo e estamos determinados
a ir até o fim se preciso, com
nossas opções aéreas, terrestres, o que for".
Estava prevista para hoje
uma reunião do gabinete israelense para avaliar as próximas
medidas que serão adotadas.
Com agências internacionais
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