São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2008

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Israel bombardeia Gaza e
mata mais de 225

Há mulheres e crianças entre os mortos; israelenses dizem que ação, a maior em quatro décadas, retalia disparos de foguetes pelo Hamas

Militantes palestinos prometem resistir "até a última gota de sangue"; Exército alerta que operação vai continuar e pode crescer


Said Khatib/France Presse
Palestinos observam corpos de vítimas; ataque retalia disparos de foguete contra o sul de Israel, que ontem deixaram um morto

DA REDAÇÃO

No ápice de uma escalada de tensões e a pouco mais de um mês das eleições em Israel, a Força Aérea israelense disparou cerca de cem bombas contra alvos na faixa de Gaza, no meio da manhã de ontem, matando ao menos 225 pessoas, ferindo cerca de 700 e destruindo postos policiais do Hamas, o grupo radical palestino que venceu a eleição de 2006 e hoje domina o território.
Em um intervalo de cinco minutos, 40 bombas foram disparadas, disse o jornal "Haaretz". O ataque, que ocorreu em um horário pouco usual em que as pessoas estavam nas ruas, não tem precedentes em Gaza e fez de ontem o dia mais sangrento no território palestino em mais de 40 anos.
Os israelenses confirmaram a ofensiva e disseram que visavam a infra-estrutura do Hamas, em resposta aos disparos de foguetes contra o sul de Israel. Disseram ainda que aumentarão a intensidade dos ataques caso seja preciso
"A operação seguirá e se intensificará se for necessário", disse o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak.
O premiê Ehud Olmert advertiu que a ação pode durar mais. "Pode levar tempo e cada um de nós deve ser paciente para que completemos a missão."
Já o Hamas qualificou o ataque como "carnificina israelense" e jurou vingança. "Conclamo a começar uma terceira Intifada [revolta]" disse o líder do Hamas Ismail Haniyeh à TV Al Jazeera. "O Hamas vai continuar a resistência até a última gota de sangue", afirmou Fawzi Barhoum, porta-voz do Hamas.
Em meio à operação militar israelense ontem, foguetes disparados pelo Hamas contra o sul de Israel mataram uma pessoa e feriram outras quatro na cidade de Netivot, informaram fontes médicas israelenses.
Médicos disseram que mais de 120 pessoas morreram na Cidade de Gaza e 23 pessoas morreram em Khan Younis e Rafah, no sul do território palestino. Segundo o Hamas, cerca de cem policiais morreram, além de 15 mulheres e crianças.
A faixa de Gaza estava totalmente bloqueada. Depois dos ataques, o Egito abriu sua fronteira com o território para permitir que os feridos recebessem cuidados médicos. Segundo o porta-voz da polícia, Islam Shahwan, uma base na Cidade de Gaza que abrigava uma cerimônia de graduação foi atacada. Recrutas morreram.

Fim de trégua
A situação começou a se deteriorar depois que o Hamas venceu as eleições palestinas, em 2006. No ano seguinte, após intensos conflitos, o grupo islâmico assumiu o controle da faixa de Gaza ao expulsar o Fatah, facção rival que controla a Cisjordânia e preside a Autoridade Nacional Palestina, do presidente Mahmoud Abbas. Nem Israel nem EUA reconhecem o Hamas como interlocutor.
A trégua entre Hamas e Israel, mediada pelo Egito, tinha seis meses de duração e expirou no último dia 19. O grupo disse que não renovaria o acordo porque sua contraparte não manteve a promessa de suspender o bloqueio imposto ao território nem os ataques.
Desde então, foram disparados dezenas de foguetes por militantes islâmicos contra o sul do território israelense, o que mantém a região sob clima de terror constante, apesar da ausência de mortos. Segundo o jornal "El País", só na última semana foram mais de 200.
Nesta semana, o Hamas havia dito estar aberto à trégua, e, anteontem, Israel autorizara temporariamente a entrada de comida e combustível em Gaza, que vive uma grave crise humanitária devido ao bloqueio.

Ação terrestre
Israel já havia anunciado que estudava lançar uma ofensiva terrestre limitada contra o território palestino. Mas o custo político pode ser maior do que o de ataques aéreos, sem o ônus de eventuais baixas de soldados israelenses. As eleições gerais em Israel acontecem em 10 de fevereiro, e tanto a chanceler Tzipi Livni quanto o ministro Ehud Barak são candidatos.
Um oficial do Exército israelense disse que uma campanha por terra ainda não está descartada: "Nós não temos limite de tempo e estamos determinados a ir até o fim se preciso, com nossas opções aéreas, terrestres, o que for".
Estava prevista para hoje uma reunião do gabinete israelense para avaliar as próximas medidas que serão adotadas.


Com agências internacionais


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