São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2004

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Kay diz que quase todos se enganaram sobre arsenal

DA REDAÇÃO

O ex-chefe da busca americana por armas no Iraque, David Kay, voltou a dizer que a CIA (serviço secreto americano) errou ao avaliar que o Iraque possuía armas de destruição em massa.
"Quase todos estávamos enganados [sobre a existência do arsenal]. E eu me incluo aqui", declarou ontem o inspetor e ex-agente da CIA ao Comitê de Serviços Armados do Senado dos EUA.
Foi o primeiro depoimento oficial de Kay sobre o tema após deixar a chefia do Grupo de Pesquisa do Iraque, na última sexta-feira. Antes, ele fizera as mesmas afirmações a jornalistas.
Após sete meses de busca por armas químicas e biológicas no Iraque, o inspetor disse não ter encontrado nenhum indício de que o arsenal existisse. Anteriormente, ele dissera que 85% do que há para ser encontrado sobre o programa iraquiano-basicamente, documentos que denotam a intenção do ex-ditador Saddam Hussein de desenvolver as armas proibidas- já o foi.
"Tivemos uma série de surpresas", disse Kay a jornalistas após depor. "Ficou claro que precisamos de habilidades que não temos no que toca à inteligência."
O inspetor atribuiu os erros a falhas na coleta e na análise de informações obtidas no Iraque. A CIA e os demais serviços de inteligência se tornaram tão dependentes dos inspetores da ONU que operavam no país até 1998, disse Kay, que nunca chegaram a desenvolver suas próprias fontes.
No depoimento, ele voltou a isentar a Casa Branca dos erros, dizendo não ter constatado pressão por parte do Executivo para que as investigações da CIA chegassem a determinado resultado.
Nos meses que antecederam a Guerra do Iraque, iniciada em 20 de março, os EUA e o Reino Unido citaram o suposto arsenal iraquiano de destruição em massa como uma ameaça iminente à segurança mundial, o que valeu como justificativa para a invasão.
Segundo o inspetor, sempre haverá uma "ambiguidade mal resolvida" sobre quais programas exatamente o Iraque chegou ou não a desenvolver, sobretudo por causa da onda de saques que o país sofreu após sua invasão e da falha dos EUA em contê-la.


Com agências internacionais


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