|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GEOGRAFIA
"Desaparecidos" estavam na cidade paraense
Tailândia (PA) entra no mapa do tsunami
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Depois de dias procurando
uma família maranhense que teria viajado para a Tailândia na
época do tsunami que matou
mais de 280 mil pessoas na Ásia
e na África, o Itamaraty descobriu que ela estava bem mais
perto. Pai, mãe e cinco filhos estavam sãos e salvos numa outra
Tailândia, muito longe da tragédia: uma pequena cidade no sul
do Pará. Sim, existe uma Tailândia no Brasil.
Essa é uma das curiosidades
de 33 dias de buscas encerradas
ontem, quando o Itamaraty encontrou o último dos 411 brasileiros que estariam na região
atingida. Todos da lista estavam
vivos. Os brasileiros mortos na
tragédia foram a diplomata Lyz
Amayo e seu filho, Gianluca, 10.
A família do Maranhão chamou atenção dos diplomatas
desde o início por dois motivos:
incluía crianças -cinco de uma
vez- e fugia da regra de que a
grande maioria dos procurados
era do Sul e do Sudeste.
Recebida a informação de um
vizinho maranhense, diplomatas e funcionários iniciaram
imediatamente a procura. Na
Polícia Federal, não havia registro de passaportes emitidos naqueles nomes. Na própria Tailândia, a asiática, também não
havia registro de entrada.
O ministro Manoel Gomes Pereira, diretor do Departamento
das Comunidades Brasileiras no
Exterior do Itamaraty e chefe
das operações, sacou então o
"Plano B": ligou para o prefeito
da cidade de onde partira o telefonema, a pequena Zé Doca, no
Maranhão, para pedir mais informações.
"Sim, excelência", respondeu
o prefeito do outro lado. E no
mesmo dia tudo estava esclarecido: com uma rápida pesquisa,
quase de boca em boca, a prefeitura descobriu que a família
simplesmente mudara para Tailândia, no Pará. Ao ver pela TV a
tragédia "na Tailândia" e o apelo
para avisarem de brasileiros na
região, o vizinho confundira os
destinos e se precipitara.
A última desaparecida
Tatiana Alves Mota, 29, cientista política, baiana, mora há
mais de dez anos fora do Brasil e
nem desconfiava que, durante
semanas, foi um dos brasileiros
procurados pelo Itamaraty porque estiveram na Ásia na época
do tsunami.
"Achei tudo muito estranho",
disse ela ontem à Folha, falando
por telefone de Londres.
Ela passou férias de três semanas na Índia e no dia do tsunami, 26 de dezembro, estava na
cidade de Allahabad, no centro
do país. Saiu no dia 10 de janeiro, de avião, rumo ao Japão.
Texto Anterior: Bolívia: Província boliviana cria governo autônomo Próximo Texto: Panorâmica - Pequim: Líder comunista chinês será enterrado hoje Índice
|