São Paulo, sábado, 29 de janeiro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GEOGRAFIA

"Desaparecidos" estavam na cidade paraense

Tailândia (PA) entra no mapa do tsunami

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Depois de dias procurando uma família maranhense que teria viajado para a Tailândia na época do tsunami que matou mais de 280 mil pessoas na Ásia e na África, o Itamaraty descobriu que ela estava bem mais perto. Pai, mãe e cinco filhos estavam sãos e salvos numa outra Tailândia, muito longe da tragédia: uma pequena cidade no sul do Pará. Sim, existe uma Tailândia no Brasil.
Essa é uma das curiosidades de 33 dias de buscas encerradas ontem, quando o Itamaraty encontrou o último dos 411 brasileiros que estariam na região atingida. Todos da lista estavam vivos. Os brasileiros mortos na tragédia foram a diplomata Lyz Amayo e seu filho, Gianluca, 10.
A família do Maranhão chamou atenção dos diplomatas desde o início por dois motivos: incluía crianças -cinco de uma vez- e fugia da regra de que a grande maioria dos procurados era do Sul e do Sudeste.
Recebida a informação de um vizinho maranhense, diplomatas e funcionários iniciaram imediatamente a procura. Na Polícia Federal, não havia registro de passaportes emitidos naqueles nomes. Na própria Tailândia, a asiática, também não havia registro de entrada.
O ministro Manoel Gomes Pereira, diretor do Departamento das Comunidades Brasileiras no Exterior do Itamaraty e chefe das operações, sacou então o "Plano B": ligou para o prefeito da cidade de onde partira o telefonema, a pequena Zé Doca, no Maranhão, para pedir mais informações.
"Sim, excelência", respondeu o prefeito do outro lado. E no mesmo dia tudo estava esclarecido: com uma rápida pesquisa, quase de boca em boca, a prefeitura descobriu que a família simplesmente mudara para Tailândia, no Pará. Ao ver pela TV a tragédia "na Tailândia" e o apelo para avisarem de brasileiros na região, o vizinho confundira os destinos e se precipitara.

A última desaparecida
Tatiana Alves Mota, 29, cientista política, baiana, mora há mais de dez anos fora do Brasil e nem desconfiava que, durante semanas, foi um dos brasileiros procurados pelo Itamaraty porque estiveram na Ásia na época do tsunami.
"Achei tudo muito estranho", disse ela ontem à Folha, falando por telefone de Londres.
Ela passou férias de três semanas na Índia e no dia do tsunami, 26 de dezembro, estava na cidade de Allahabad, no centro do país. Saiu no dia 10 de janeiro, de avião, rumo ao Japão.


Texto Anterior: Bolívia: Província boliviana cria governo autônomo
Próximo Texto: Panorâmica - Pequim: Líder comunista chinês será enterrado hoje
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.