São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2008

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Republicanos têm 1º teste com latinos

Nas primárias de hoje na Flórida, pré-candidatos abrem cortejo a eleitorado que cresceu 50% nas últimas três presidenciais

John McCain e Mitt Romney, que lideram a disputa republicana no Estado, trocam insultos em busca do voto mais conservador

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI (FLÓRIDA)

John McCain passou o dia de ontem exibindo pela Flórida o senador de ascendência cubana Mel Martinez como se fosse uma das medalhas que conquistou na Guerra do Vietnã. Mitt Romney e Rudolph Giuliani colocaram no ar nas emissoras de TV locais respectivamente os anúncios "Mi padre" (meu pai, em espanhol) e "Un plan" (um plano).
Os três primeiros colocados nas pesquisas entre os pré-candidatos republicanos à eleição presidencial de 4 de novembro usam as primárias de hoje, na Flórida, para cortejar um eleitorado que ganhará peso importante nas próximas horas e dias e com o qual o partido da situação tem uma relação ambígua. São os latinos, que respondem por 12% dos votantes do quarto maior Estado em peso eleitoral nos EUA.
Com um salto de crescimento de 50% nas últimas três eleições presidenciais tanto no país quanto no Estado, esse universo pode virar o jogo hoje para um ou outro candidato. A Flórida enviará 57 delegados à convenção do partido, em setembro. Os latinos são força política importante também no maior colégio eleitoral do país, a Califórnia, mais Arizona, Novo México e Texas -quatro dos Estados que escolhem seus candidatos na Superterça, daqui a uma semana.
"Os republicanos estão começando a perceber que para ganhar o voto latino na Flórida não é só aparecer aqui, gritar "Cuba Libre" e ir embora", disse à Folha Andy Gomez, especialista do Instituto de Estudos Cubanos da Universidade de Miami. "Primeiro, porque não há um só "latino", mas vários tipos. Depois, porque Fidel já não é uma questão tão importante para as novas gerações."
Segundo a Associação Nacional de Funcionários Latinos Eleitos e Nomeados, que mapeia o peso político da comunidade nos EUA, continua importante a comunidade de cubano-americanos de Miami exilados da revolução comunista e seus descendentes, mas os latinos do centro da Flórida "surgem como um eleitorado-chave" em 2008.
São quase 1 milhão de votantes, com predomínio de porto-riquenhos, mexicanos e sul-americanos. Alguns desses eleitores, principalmente porto-riquenhos, já são filiados ao Partido Democrata, mas outros estão no processo de formar alianças políticas. Daí o assédio dos republicanos.
Por enquanto, o senador pelo Arizona está na frente. De acordo com pesquisa divulgada ontem pela Newlink Research, 36% dos latinos da Flórida pretendem votar em McCain, ante 26% dos que escolherão Mitt Romney e 16% dos que fecham com Rudolph Giuliani. Quando indagados sobre o que mais os preocupa na hora de votar, os ouvidos pelo instituto baseado em Miami corroboram a opinião de Andy Gomez: economia é prioridade (50%).

Dia de ataques
Já no eleitorado geral do Estado, há um empate técnico entre McCain e o ex-governador de Massachusetts, 29,3% e 28,5%, respectivamente, segundo o site agregador de pesquisas Real Clear Politics.
A proximidade ajudou a elevar o tom dos ataques entre os dois nas últimas horas. Em breve discurso em um estacionamento de aviões executivos, em West Palm Beach, em um tablado improvisado sobre um carrinho de golfe, o segundo falou mal dos democratas e de McCain para uma platéia de cem pessoas.
Chamou o colega republicano de "liberal [esquerdista] democrata". "Eu me lembro da história de que ele estava pensando em ser parceiro de John Kerry [na eleição de 2004]. Se alguém me fizesse essa pergunta, não teria pensado um nano-segundo. Teria havido uma risada imediata", disse.
A campanha de McCain respondeu declarando que "Romney dirá qualquer coisa a qualquer um a qualquer hora se ele achar que isso vai ajudá-lo politicamente".


Colaborou DANIEL BERGAMASCO , enviado especial a West Palm Beach (Flórida)


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