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Prossegue a matança no
Quênia; mortos são 800
Etnias rivais lutam com machados e arco-e-flecha
DA REDAÇÃO
Conflitos étnicos no Quênia
continuaram a provocar ontem
mortes maciças com machadadas, arco-e-flecha e outras armas brancas. A Reuters informa que 64 cadáveres haviam sido recolhidos ao necrotério da
cidade de Nakuru, enquanto 32
outros aguardavam serem entregues a familiares na cidade
próxima de Naivasha.
Entre elas estão as 19 vítimas
queimadas vivas dentro de uma
casa em Naivasha, no domingo.
Cálculos conservadores indicam que 800 pessoas já morreram desde o início dos confrontos, desencadeados depois das
eleições presidenciais do último 27 de dezembro.
A reeleição de Mwai Kibaki,
em processo que observadores
externos consideraram fraudulento, desencadeou ações violentas contra os kikuyus, etnia
à qual ele pertence e que tem
monopolizado a economia e os
melhores empregos públicos.
O candidato derrotado, Raila
Odinga, pertence à etnia luo.
Uma terceira etnia, os kalenjins, é bem mais agressiva, polarizando com os kikuyus.
Não estava claro quantas
mortes datavam de ontem,
quando novos confrontos eclodiram a oeste do país. Na cidade
de Kisimu, domicílios de quenianos kikuyus foram incendiados. Um ônibus foi queimado com o motorista dentro.
A polícia diz ter prendido 254
na noite de domingo para segunda. O ministro do Interior,
George Saitoti, foi vaiado ao
tentar apaziguar grupos que só
não se enfrentavam por estarem separados por policiais.
O ex-secretário-geral da
ONU Kofi Annan procura um
acordo que ponha fim à violência. Mas tanto ele quanto Mark
Malloch-Brown, negociador
britânico, argumentam que a
pacificação é difícil, diante da
crescente animosidade.
Annan pediu que o presidente e o chefe da oposição indicassem negociadores capazes de
encontrar uma saída à crise.
Mas o prosseguimento da violência impediu que se desse esse primeiro passo.
Acusação de genocídio
O governo tem acusado a
oposição da prática de genocídio no vale do Rift, o mais fértil
do Quênia, controlado majoritariamente por kikuyus.
A entidade humanitária Human Rights Watch reitera essa
acusação, mas ressalva que policiais da etnia kikuyu se juntaram a uma milícia de criminosos, a Mungiki, para a caça aos
partidários de Raia Odinga.
Cerca de 250 mil pessoas já
foram obrigadas a deixar seus
domicílios. É o maior contingente de refugiados desde a independência do país, em 1963.
O "Le Monde" relata a destruição completa de uma cidadezinha, Mau Summit, localizada num entroncamento rodoviário. John Ndungu, dono
de um pequeno estúdio fotográfico e da etnia kikuyu, disse
que rivais da etnia kalenjin têm
usado armas brancas e arco-e-flecha para assassinar os suspeitos de afinidades étnicas
com o presidente Kibaki.
Mau Summit teve todos os
seus domicílios queimados.
Ontem seus ex-moradores reviravam os escombros para
tentar recuperar algum bem ou
utensílio calcinado.
Com agências internacionais
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