São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

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Israel condiciona abertura de Gaza a soltura de soldado

Exigência foi anunciada a enviado dos EUA à região

DA REDAÇÃO

O premiê israelense, Ehud Olmert, recebeu ontem o enviado dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, revelando uma nova condição para a reabertura das passagens na faixa de Gaza: a libertação do cabo Gilad Shalit, sequestrado pelo Hamas em 2006. Israel voltou a alvejar túneis ligando Gaza ao Egito.
A nova exigência de Israel para o cumprimento da principal reivindicação do grupo islâmico para um cessar-fogo permanente revela as resistências que Mitchell tem encontrado. O giro pela região é a primeira ação do governo Obama em relação ao conflito israelo-palestino.
Shalit foi sequestrado em junho de 2006 do lado israelense da fronteira com Gaza por um túnel escavado pelas Brigadas Al Qassam (braço armado do Hamas). O episódio motivou resposta militar israelense.
A condição imposta por Olmert foi de pronto rejeitada pelo líder no exílio do Hamas, Khaled Meshaal, baseado na Síria. Segundo Meshaal, a libertação de Shalit não está condicionada à abertura das fronteiras, e sim à libertação de prisioneiros do Hamas por Israel.
O enviado americano chegou a Israel depois de encontrar o ditador egípcio Hosni Mubarak, líder das negociações por um cessar-fogo permanente. De Olmert, em Jerusalém, ouviu ainda que uma trégua permanente no conflito encerrado no dia 18 depende do fim dos disparos de foguetes e da repressão ao tráfico de armas pela fronteira egípcia -utilizada também pelos palestinos para obter comida e furar o rigoroso bloqueio israelense.
Segundo funcionário israelense ouvido pela Associated Press, Olmert disse a Mitchell que o poder do Hamas em Gaza "deve diminuir" e Mahmoud Abbas -presidente da Autoridade Nacional Palestina e líder do Fatah, considerado o interlocutor palestino legítimo por Israel, EUA e União Europeia- deve ter presença na região.
Mitchell voltou a defender um cessar-fogo baseado na repressão ao contrabando na fronteira egípcia, com participação da ANP e de monitores europeus, e na reabertura das passagens para Gaza.
Em relatório de 2001, Mitchell propôs, além do combate, pelos palestinos, do terrorismo, a interrupção da expansão dos assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental -nos dois territórios ocupados desde 1967, há mais de 400 mil colonos israelenses. Ontem, o grupo pacifista israelense Paz Agora disse que, só em 2008, 1.257 novas unidades residenciais foram construídas na Cisjordânia, um aumento de 57% em relação a 2007. Hoje, Mitchell encontrará Abbas na Cisjordânia.
Israel voltou a bombardear túneis na fronteira de Gaza com o Egito ontem em retaliação à morte de um soldado israelense na véspera por uma bomba acionada por controle remoto -reivindicada por uma milícia ligada ao Hamas. O ministro da Defesa, Ehud Barak, cancelou viagem a Washington devido a "incidentes de segurança ao sul".
À noite, o primeiro foguete desde o início da trégua foi disparado de Gaza a Israel, que respondeu com mais bombardeios na parte sul do território.


Com agências internacionais


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