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Teerã condiciona diálogo a pedido de desculpas dos EUA
Ahmadinejad cobra fim do apoio a Israel e da presença militar americana no exterior
Discurso responde ao aceno de Obama por contatos diretos; assessor confirma que o presidente iraniano tentará reeleição em junho
DA REDAÇÃO
No dia em que confirmou oficialmente sua candidatura à
reeleição no pleito de junho
deste ano, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad,
condicionou ontem a retomada
do diálogo com o governo americano a "profundas mudanças"
que incluam um pedido de desculpas dos EUA pelos "crimes
cometidos contra o Irã".
A exigência de Ahmadinejad,
feita em discurso em Kermanshah, 525 km a oeste de Teerã,
foi uma resposta ao novo presidente americano, Barack Obama, que reiterou em entrevista
segunda-feira à rede saudita Al
Arabiya sua disposição em conversar com o Irã, rompendo
com a política de confrontação
do antecessor George W. Bush.
"Os que falam em mudanças
devem pedir desculpas ao povo
iraniano e tratar de consertar
os grandes males do passado e
os crimes cometidos contra o
Irã", disse Ahmadinejad.
O presidente alinhou os motivos da indignação: a operação
secreta da CIA que derrubou o
governo do premiê Mohammed Mossadegh em 1953, a rejeição à Revolução Islâmica de
1979 e o apoio ao Iraque na
guerra contra o Irã (1980-88).
Aliados entre os anos 50 e 70,
Washington e Teerã romperam
relações diplomáticas depois
que militantes, no rastro da Revolução Islâmica, mantiveram
52 reféns por 444 dias na Embaixada dos EUA em Teerã.
Sob Bill Clinton (1993-2001),
os EUA estiveram próximos da
retomada do diálogo com o Irã,
então governado pelo reformista Mohammed Khatami.
Mas Bush, sucessor de Clinton, incluiu o país no "eixo do
mal", com Iraque e Coreia do
Norte, e acusou Teerã de fomentar o terrorismo e de desenvolver um programa nuclear secreto -o Irã nega.
Além das desculpas, Ahmadinejad impôs duas outras condições para dialogar: o fim do
apoio incondicional a Israel e a
retirada das tropas americanas
estacionadas no Iraque, no Afeganistão e em outros países.
Reeleição
Apesar de enumerar as exigências, Ahmadinejad não tem
plenos poderes para tratar com
outros países. Pelo sistema iraniano, a palavra final em assuntos de diplomacia e segurança
cabe ao líder supremo da Revolução, aiatolá Ali Khamenei.
As declarações de Ahmadinejad são consideradas parte
da campanha para a eleição
presidencial de junho. A sua
candidatura era dada como certa, mas só foi oficialmente confirmada ontem.
"Naturalmente será candidato, porque os programas e políticas que lançou não podem ser
efetivados em um mandato de
quatro anos", disse Akbar Javanfekr, diretor de comunicação do gabinete presidencial.
Criticado pelo desemprego e
pela queda do poder de compra,
o conservador Ahmadinejad
deve enfrentar o também direitista Mohammad-Baqer Qalibaf, prefeito de Teerã, e o reformista Mohammed Khatami,
que foi presidente por dois
mandatos (1997-2005).
Com agências internacionais
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