São Paulo, sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

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Taxa de população presa é recorde nos EUA

Segundo estudo, 1 em cada 99,1 adultos no país está atrás das grades; índice é maior entre negros e hispânicos

ADAM LIPTAK
DO "NEW YORK TIMES"

Pela primeira vez na história dos EUA, mais de 1 em cada 100 adultos americanos se encontra atrás das grades, revelou um novo relatório.
A população carcerária em todo o país aumentou em 25 mil pessoas no ano passado, chegando a quase 1,6 milhão. Outras 723 mil pessoas estão detidas em cadeias locais. Como o número de adultos americanos é de aproximadamente 230 milhões, isso significa que 1 em cada 99,1 adultos está atrás das grades.
Os índices de encarceramento são ainda mais altos em alguns grupos da população. De acordo com o Departamento da Justiça de 2006, 1 em cada 36 adultos hispânicos está atrás das grades. A situação é a mesma para 1 em cada 15 adultos negros e para 1 em cada nove homens negros na faixa dos 20 aos 34 anos de idade.
Divulgado pelo Centro Pew (Pew Center on the States), o relatório constatou que apenas 1 em cada 355 mulheres brancas de 35 a 39 anos de idade está encarcerada, mas que, no caso das negras, esse número é de 1 em cada 100.
A metodologia usada no estudo difere da que é empregada pelo Departamento de Justiça, que calcula o índice de encarceramento usando como denominador a população total, e não a adulta. Quando se emprega a metodologia oficial, o resultado obtido é 1 em cada 130 americanos presos.
De uma maneira ou outra, disse Susan Urahn, diretora administrativa do Centro Pew, "não estamos conseguindo desse nível de encarceramento o retorno esperado em termos de segurança pública".

Custos em alta
"Somos um país em que o encarceramento representa uma resposta fácil à criminalidade", prosseguiu. "A intransigência com o crime é uma posição fácil de se assumir, especialmente quando se tem o dinheiro para isso. E, nos anos 1980 e 1990, nós tivemos esse dinheiro."
Hoje, disse o relatório, com menos recursos à disposição dos Estados, os custos do sistema penitenciário causam rombos nos orçamentos estaduais -que gastam em média quase 7% com esse item, taxa que só perde para saúde, educação e transportes.
Em 2007, segundo a Associação Nacional dos Planejadores Orçamentários Estatais, os Estados gastaram US$ 44 bilhões com o sistema. Levando-se em conta a inflação, é um aumento de 127% em relação a 1987.
Em 2005, o ano mais recente para o qual existem dados disponíveis, o custo médio anual de cada detento era US$ 23,8 mil, mas os valores variam muito de Estado para Estado. O custo do atendimento médico aos presidiários aumenta 10% ao ano, segundo o relatório, e deve aumentar com o envelhecimento dos presos. O estudo recomendou que os infratores não-violentos não cumpram pena em prisão e que infrações de condicional que sejam técnicas ou pouco importantes sejam punidas com penas alternativas.
Outra sugestão do texto é que os Estados estudem antecipar a soltura de alguns presos menos perigosos.


Tradução de CLARA ALLAIN


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