São Paulo, segunda-feira, 29 de março de 2010

Texto Anterior | Índice

De surpresa, Obama faz a sua 1ª visita no cargo ao Afeganistão

Após recuperar fôlego interno, presidente dos EUA aborda conflito que elegeu como prioridade de sua política externa

Em encontro em Cabul com presidente afegão, Obama discutiu os esforços contra Taleban e voltou a cobrar o combate à corrupção no país

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Uma semana depois de conseguir a aprovação da reforma do sistema de saúde americano, Barack Obama fez ontem a sua primeira visita como presidente dos EUA ao Afeganistão, divulgada, por questões de segurança, só depois que o avião em que viajava pousou na base aérea de Bagram.
De lá, Obama foi de helicóptero a Cabul para um encontro com o colega afegão, Hamid Karzai, no palácio presidencial, onde discutiu os esforços para combater os insurgentes, cobrou mais empenho no combate à corrupção e convidou Karzai para visita a Washington.
A viagem é mais uma sinalização de que Obama, depois de 14 meses de governo e de conquistar sua maior vitoria no âmbito doméstico, trabalhará para afastar a imagem de paralisia que derrubou sua popularidade. A guerra no Afeganistão, iniciada em 2001 por George W. Bush, é tida como o maior desafio da politica externa do atual governo.
Mesmo assim, Obama vinha adiando a viagem ao país desde o anúncio, em dezembro, do envio de mais 30 mil soldados ao local. Ontem, na capital Cabul, o presidente americano aproveitou para se encontrar com algumas das tropas enviadas durante o seu governo e agradecer aos militares.
"Uma das principais razões pela qual estou aqui é para dizer obrigado pelos incríveis esforços de nossas tropas e aliados. Eles fazem sacrifícios tremendos longe de casa, e quero ter certeza de que eles sabem quão orgulhoso o seu comandante em chefe está", afirmou Obama, ao lado do presidente do Afeganistão.
O número de soldados mortos no país praticamente dobrou no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados dos próprios militares. Para eles, a razão do aumento está na busca mais intensa, nos principais centros urbanos, por insurgentes do Taleban, e a situação pode se agravar com o planejamento de uma operação em Candahar, onde há grande concentração do grupo extremista que comandava o país até 2001.
O objetivo das ofensivas é impedir não só a volta da Al Qaeda mas também a derrubada do governo de Hamid Karzai, reeleito no fim do ano passado em um pleito considerado fraudulento. Sem isso, Washington não conseguirá cumprir o prazo estabelecido para o início da retirada das tropas, em julho de 2011.

Progresso civil
Ontem, durante o encontro com Karzai, Obama afirmou que progressos militares foram feitos, mas que também quer "continuar a avançar no processo civil", incluindo o combate à corrupção e ao tráfico de drogas. Já o afegão, que deve ir a Washington em maio, prometeu que o país iria "avançar em direção ao futuro" para reassumir a segurança interna e agradeceu a intervenção americana, segundo relatos de agências internacionais.
O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, James Jones, disse a repórteres que acompanharam a viagem a Bagram que Obama tentaria fazer Karzai entender que, em seu segundo mandato, "há certas coisas às quais ele não prestou atenção, desde o primeiro dia", o que inclui "um sistema meritocrático para indicar oficiais do governo e o combate à corrupção e ao narcotráfico, que abastece economicamente os insurgentes".
Obama, que chegou a Cabul quando anoitecia, deveria voltar a Washington durante a madrugada, antes mesmo de amanhecer no Afeganistão.


Texto Anterior: Grécia: Bomba mata garoto afegão em Atenas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.