São Paulo, terça-feira, 29 de março de 2011

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Atrás de prestígio, Brasil poupa da faca missões de paz

Recursos do país para participação na força da ONU no Haiti não serão afetados pelos cortes em orçamento

Centro Conjunto de Operações de Paz, que prepara os militares para ações no exterior, cresce 130% em 6 anos

LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO

O centro de treinamento das Forças Armadas que prepara militares brasileiros para participar de missões de paz no exterior aumentou seu efetivo militar em mais de 130% depois do terremoto que devastou o Haiti, em janeiro de 2010.
A expansão vem em paralelo às tentativas diplomáticas do governo de aumentar a influência brasileira no cenário internacional por meio das missões de paz.
Esse tipo de operação -especialmente no Haiti- projeta o Brasil de forma positiva no exterior, segundo o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri.
Por causa disso, segundo ele, as missões de paz não devem ser afetadas pelos cortes no orçamento do Ministério da Defesa -que podem chegar a R$ 4,38 bilhões, segundo o governo federal.
Um indício disso é que, no Haiti, o efetivo de militares foi praticamente duplicado no ano passado, atingindo a marca de 2.194 homens, depois do terremoto que deixou 250 mil mortos.
Mas, além da missão no Caribe, o Brasil participa hoje, com oficiais e observadores militares, de outras dez operações de paz.
O crescimento do centro de treinamento também atende à Estratégia Nacional de Defesa. Ela prevê investimentos em treinamento para missões de paz e eliminação de minas terrestres.
O centro foi criado em 2005, no Rio de Janeiro, com o nome de Centro de Instrução em Operações de Paz.
Era formado por 89 instrutores e monitores, ex-integrantes do terceiro contingente do Exército que esteve na missão no Haiti.
Seis anos depois, a equipe aumentou 130%, para 204 instrutores e monitores. Em dez meses, o centro ganhará também um novo edifício, com capacidade para oferecer aulas a 450 militares.
"Nós vamos mais que quadruplicar o espaço de instrução destinado aos alunos", disse o comandante da unidade, coronel Pedro Aurélio de Pessoa.
O centro também deixou de ser uma unidade só do Exército e, no ano passado, passou a ser dirigido também por membros da Marinha e da Aeronáutica, sendo rebatizado de Ccopab (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil).

INTEGRAÇÃO
O objetivo é aumentar a integração e a velocidade de resposta em operações de larga escala. "Para obter resultados, é necessário que todos esses atores se conheçam antes de entrarem na área de missão", disse.
O quadro de disciplinas do centro também foi ampliado, para preparar militares para operações de paz multidimensionais (com participação de agências humanitárias e civis).
Foram criados programas de treinamento em logística de missões de paz, negociação, remoção de minas terrestres e técnicas de coordenação entre militares e civis.
"Estamos prontos para qualquer missão, de qualquer natureza, no mundo inteiro", disse Peri.
A decisão de participar de novas missões é, porém, do governo e do Congresso.


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