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São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

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Epidemia provoca o maior abalo na economia chinesa desde 1989

KEITH BRADSHER
DO "NEW YORK TIMES", EM GUANGZHOU (CHINA)

O surto da síndrome respiratória aguda grave desferiu o maior golpe contra a economia chinesa desde o massacre da praça Tienanmen (Paz Celestial), em 1989, provocando uma queda nas vendas no varejo e na demanda de produtos chineses de exportação e levando ao colapso o turismo doméstico e estrangeiro.
O banco J.P. Morgan Chase estima que, após crescer ao ritmo anual galopante de 9,9% no primeiro trimestre de 2003, a economia chinesa encolherá para 2% anuais no segundo. Algumas medidas adotadas pelo governo para dificultar a difusão da doença estão intensificando os danos causados à economia.
A Prefeitura de Pequim ordenou o fechamento de todos os locais de entretenimento, e o governo de Guangdong anunciou que grupos de turismo não poderão entrar nem sair da Província.
"A economia parou", disse o economista Andy Xie, da Morgan Stanley. Para ele, se a China não conseguir controlar a epidemia logo, "as coisas vão ficar extremamente difíceis".
O impacto econômico inicial da crise recaiu principalmente sobre empresas fornecedoras de serviços, que, em sua maioria, dependem dos gastos dos consumidores e compõem um terço da economia chinesa. Mas há sinais de que o enorme setor manufatureiro, que responde por metade da produção econômica nacional, começará a sentir efeitos negativos indiretos em pouco tempo.
Por outro lado, alguns bancos de investimentos não parecem tão preocupados, apostando que um país repressor como a China não terá dificuldade em controlar a doença. Cingapura e Vietnã também tiveram bons resultados com a doença ao adotar medidas como quarentenas rígidas.
"A partir do momento em que os líderes chineses focalizam os problemas e decidem tomar medidas, eles geralmente resolvem os problemas, mesmo que às vezes o façam com eficiência brutal", afirmou o banco Goldman Sachs, em relatório.
"Poderíamos dizer que é uma qualidade positiva de um governo autoritário", concluiu o texto.


Tradução de Clara Allain


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