São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Maior parte dos entrevistados acha que guerra fez mais mal que bem, mas aprova derrubada de Saddam

Iraquianos querem retirada já, diz pesquisa

DA REDAÇÃO

Apenas um terço dos iraquianos acha que a ocupação americana está fazendo bem ao país, e uma maioria sólida é favorável a uma retirada imediata das forças de coalizão lideradas pelos EUA, apesar de se sentir ameaçada caso isso venha a acontecer.
São alguns dos destaques de uma pesquisa "USA Today"/ CNN/Gallup com cerca de 3.500 iraquianos realizada entre 22 de março e 9 de abril, antes mesmo do agravamento dos conflitos com rebeldes xiitas e sunitas.
O levantamento revela sentimentos conflitantes. Por um lado, 61% dos iraquianos acham que, apesar de todos as dificuldades e sofrimentos, valeu a pena tirar o ex-ditador Saddam Hussein do poder. Por outro lado, 46% dos entrevistados acham que a invasão americana trouxe mais mal do que bem -contra 33% que pensam o contrário.
Para 42% dos iraquianos, o Iraque está melhor após a invasão, mas 39% acham que está pior. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo, há empate técnico. Mas há otimismo diante das perspectivas pessoais: 51% acham que sua família está melhor, contra 25% que vêem uma piora.
Esse é o mais amplo levantamento sobre a opinião dos iraquianos desde a invasão do país, em março de 2003. Mostra uma sólida maioria a favor da retirada imediata das tropas da coalizão: 57% são a favor da saída imediata e 36% preferem a permanência por mais tempo. Entretanto, 53% dos iraquianos dizem que se sentiriam menos seguros caso os americanos saíssem.
O levantamento traz dados que mostram o crescente grau de desgaste em relação às tropas ocupantes: 71% as definiram como "de ocupação", contra 19% que as vêem como "de libertação".
Ao serem questionados sobre como viam as tropas dos EUA por ocasião da invasão do país, 43% as descreveram como "de libertação" e 43% como "de ocupação".
Os iraquianos reprovam os esforços de reconstrução conduzidos pelos EUA. Para 44%, as forças de ocupação não estão tentando restaurar serviços básicos como fornecimento de eletricidade e de água potável. Outros 41% vêem esforços limitados.
Em fevereiro passado, a Oxford Research International havia realizado uma pesquisa com cerca de 1.600 iraquianos para a TV BBC. Os resultados mostravam que a presença americana era vista como necessária. Para 35,8%, elas deveriam permanecer no país até a posse de um novo governo iraquiano. Apenas 15,1% defendiam a retirada imediata.
Entrevistado pelo jornal americano "USA Today", o empresário xiita Salam Ahmed, 30, parece um bom exemplo da opinião predominante no Iraque hoje. "Não sou mal-agradecido por eles terem deposto Saddam Hussein", disse. "Mas o trabalho já foi feito. Muito obrigado e até a próxima. Bye-bye."


Com agências internacionais

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