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GUERRA SEM LIMITES
Comissão do 11 de Setembro questionará o presidente e seu vice
Bush se diz "ansioso" para depor hoje
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Em sessão considerada "histórica", o presidente dos EUA, George W. Bush, e seu vice, Dick Cheney, prestarão depoimento a portas fechadas hoje na Casa Branca
perante a comissão do Congresso
que investiga os atentados do 11
de Setembro.
Bush disse ontem que está "ansioso" para falar à comissão sobre
o que fez no dia dos ataques e no
período anterior a eles.
"Será uma boa oportunidade
para ajudar essas pessoas [os parlamentares] a escrever um relatório que ajude os presidentes, no
futuro, a lidar com ameaças terroristas ao país."
Apesar desse discurso, Bush tomou todas as precauções possíveis para se proteger e evitar que o
depoimento acabe atrapalhando
a sua campanha eleitoral.
Bush relutou o quanto pôde para depor, mas cedeu à pressão da
comissão e de familiares das cerca
de 3.000 vítimas dos atentados.
Representantes das famílias disseram esperar que os parlamentares sejam "persistentes" o bastante para definir se Bush ignorou
advertências sobre os ataques.
O depoimento não será gravado
ou transcrito. Bush e Cheney estarão juntos para evitar que a comissão encontre contradições nas
versões da cúpula do governo sobre o que a Casa Branca sabia e fez
em relação à ameaça de ataques.
Bush e Cheney vêm se preparando juntos há dias para o depoimento, no qual o presidente deve
tomar a iniciativa de dar a maior
parte das respostas.
Depoimentos recentes à comissão mostraram que Bush foi informado, em 6 de agosto de 2001,
que a rede Al Qaeda planejava
ataques nos EUA e que tinha interesse em seqüestrar aeronaves.
Também perante a mesma comissão, o ex-coordenador da área
antiterrorismo da Casa Branca
Richard Clark afirmou que Bush
ignorou vários alertas sobre a Al
Qaeda enquanto permanecia
"obstinado" sobre o Iraque.
Durante a sessão de hoje, prevista para começar às 9h30 e sem
hora para terminar, serão tomadas apenas notas por um funcionário da comissão e por outro da
Casa Branca. Com isso, Bush pretende eliminar qualquer chance
de que os depoimentos sejam tornados públicos, mesmo que sob
pedido formal da Justiça.
Depoimento prestado pelo ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) no ruidoso caso Monica Lewinsky, por exemplo, foram gravados em vídeo e divulgados.
No início, Bush tentou até mesmo evitar a criação da comissão,
composta por cinco membros de
seu partido, o Republicano, e por
cinco democratas.
Antes de aceitar o encontro de
hoje, Bush insistiu para que o depoimento ocorresse apenas perante o presidente e o vice da comissão -o que lhe foi negado.
Os resultados dos trabalhos da
comissão do 11 de Setembro deverão ser conhecidos nos próximos
meses, durante a fase mais quente
da campanha eleitoral.
O maior "patrimônio" de Bush
nessa eleição é o discurso da guerra contra o terror e da segurança
interna, áreas nas quais o presidente ainda é considerado melhor
do que seu virtual oponente, o democrata John Kerry.
Pesquisa do "Washington Post"
deste mês, no entanto, revelou
que 63% dos americanos acreditam que Bush poderia ter "feito
mais" para impedir os ataques
-em 2002, esse percentual era de
53%.
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