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SUCESSÃO NOS EUA / LIGAÇÕES PERIGOSAS
Ex-pastor volta à cena e põe Obama na berlinda
Rivais vêm usando discursos de Jeremiah Wright para atacar senador democrata
Religioso fala de terrorismo e racismo; a uma semana de prévias na Carolina do Norte e em Indiana, candidato diz que não tem mesma opinião
DA REDAÇÃO
O ex-pastor Jeremiah
Wright -que por quase 20 anos
liderou a igreja cristã freqüentada pelo pré-candidato democrata à Presidência dos EUA
Barack Obama- voltou com
força total à cena eleitoral americana, em discursos com o potencial de elevar a vulnerabilidade do senador antes de prévias cruciais no partido.
No Clube Nacional de Imprensa, em Washington,
Wright repetiu ontem alguns
de seus comentários mais incendiários -que há divisão racial nos EUA e razões para o
país ser alvo terrorista. Mas
também rebateu a acusação de
antipatriotismo: "Servi seis
anos nas Forças Armadas. Isso
me torna patriota? Quantos
anos o [vice-presidente Dick]
Cheney serviu?", indagou.
As frases de Wright têm sido
freqüentemente usadas pelos
adversários de Obama nos dois
partidos como um suposto sinal de que o pré-candidato é
condescendente com radicais.
Ontem, o ex-pastor afirmou
que Obama concorda com ele
na esfera privada, ainda que
não possa admitir isso publicamente. "Ele teve de se distanciar porque é um político e a
mídia estava me retratando como antiamericano", afirmou.
A versão on-line do "New
York Times" sugere que a campanha de Obama está furiosa
com Wright. O pré-candidato
convocou entrevista às pressas
na Carolina do Norte, Estado
que vota dia 6, para reiterar que
a opinião do ex-pastor não reflete a sua. "Os últimos dias
mostram que não estamos trabalhando juntos", disse.
11 de Setembro
A controvérsia sobre Wright
começou há cerca de um mês,
quando foram divulgados na
internet trechos de seus sermões. Sua fala mais célebre
-repetida por ele em Washington- é a de que os EUA "atraíram para si" os atentados de 11
de setembro de 2001. "Você
não pode praticar o terrorismo
e esperar que isso nunca se volte contra você. São princípios
bíblicos", disse ontem.
Sobre a discriminação racial,
disse que "não há desculpas para o que o governo deste país já
fez". "Se Obama vencer, no dia
5 de novembro vou atrás dele,
pois representará um governo
[historicamente] opressor."
Ele também defendeu a importância de Louis Farrakhan,
polêmico líder do grupo de muçulmanos afro-americanos Nação do Islã. Segundo pesquisa
da Associated Press, cerca de
15% dos eleitores acham que
Obama é muçulmano, o que gera reações algumas negativas
-o senador é protestante.
Wright também disse que os
ataques a ele são, na verdade,
ataques contra a igreja negra
americana, que ele representa.
O Partido Republicano tem
comerciais associando o religioso a Obama para dizer que o
último é "muito radical", e a rival democrata Hillary Clinton
diz que Wright "não seria seu
pastor". A mídia americana repercute o tema com estrondo.
Em pesquisa da Associated
Press divulgada ontem sobre a
eleição presidencial, na qual há
simulações com os dois pré-candidatos democratas, Hillary
aparece nove pontos à frente do
republicano John McCain
(50% a 41%). Já Obama tem
46%, contra 44% de McCain.
Há sete dias, todos empatavam.
Com agências internacionais
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