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Austríaco confessa incesto e prisão da filha por 24 anos
Josef Fritzl engravidou Elisabeth sete vezes; mãe da jovem diz desconhecer cativeiro
Assistência social visitava casa da família e não notava nada anormal; no subsolo estava a filha do casal, desaparecida aos 18 anos
Reuters/Reprodução/Polícia
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Porta do porão onde Elisabeth e três filhos viviam; bebê morreu
DA REDAÇÃO
O engenheiro elétrico Josef
Fritzl, 73, confessou ontem ter
mantido a filha trancada no porão de sua casa por 24 anos,
desde que ela tinha 18, na próspera cidadezinha austríaca de
Amstetten, a 130 km de Viena.
Ele confirmou ser pai das sete crianças nascidas durante o
cativeiro, mas diz que as relações incestuosas foram consensuais. Uma das crianças
morreu ainda bebê e teve o corpo incinerado por Fritzl no sistema de calefação da casa.
Autoridades e vizinhos dizem jamais ter desconfiado que
algo estranho ocorresse no que
a imprensa austríaca vem chamando de "casa dos horrores".
Elisabeth Fritzl, hoje com 42
anos, desapareceu em 1984
após supostamente se envolver
em uma seita. A moça -que diz
ter sofrido abusos sexuais desde os 11 anos- afirma que, na
realidade, foi atraída pelo pai
até o porão, sedada e mantida
refém em compartimentos
com isolamento acústico.
Desde então, ela ficou trancafiada no porão do celeiro anexo à casa. Nas sete vezes em que
Elisabeth engravidou e deu à
luz sem assistência médica, ela
não atraiu a atenção da vizinhança. Nem mesmo quando
três dos seus filhos foram adotados pelos avós Rosemeire, 69,
e o próprio Josef, em 1993, 1994
e 1997. Nas ocasiões, Joseph
alegara à mulher que as crianças haviam sido abandonados à
sua porta pela filha.
Avó surpresa
As três crianças recebiam visitas de assistentes sociais, que
nunca notaram algo anormal. A
avó Rosemeire Fritzl -mãe de
Elisabeth- disse que não sabia
de nada. Ela está em "estado
psicológico preocupante", segundo o responsável pela assistência social de Amstetten,
Heinz Lenz. Segundo os filhos
de Rosemeire, o pai era autoritário e controlava a mulher.
Outros três filhos da relação
incestuosa, que hoje têm 19, 18
e cinco anos, foram mantidos
por toda a vida no porão. Segundo a polícia, eles nunca tinham visto a luz do sol e viveram sempre nos cômodos do
subsolo, de 1,70 m de altura,
isolado por uma porta de concreto armado, com fechadura
eletrônica, cujo código apenas
Fritzl conhecia. No espaço de
60 m2 havia cozinha, banheiro
e três pequenos quartos.
Mas a filha mais velha de
Fritzl e Elisabeth adoeceu e,
dado seu grave estado, o pai
acabou por levá-la ao hospital.
Foi quando Elisabeth e os dois
filhos subitamente reapareceram na casa da família.
A história veio à tona quando
o hospital, diante de uma doença grave e não diagnosticada,
indagou sobre a mãe e o histórico clínico da moça, que nunca
tinha freqüentado escola nem
recebido atendimento médico.
Kerstin, 19, está em coma induzido. Não há sinais físicos de
que ela também tenha sofrido
abuso sexual. Elisabeth e os filhos estão em observação em
uma clínica psiquiátrica e aparentemente passam bem. O estado psicológico dos irmãos,
criados sem contato com o
mundo exterior e submetidos
ao autoritarismo de Fritzl,
preocupa as autoridades.
"Olha só para isso, é uma
área residencial", disse Sabine
Ilk, observando a vizinhança de
casas claras, com jardins bem
cuidados, enquanto os peritos
em uniformes brancos vasculhavam a casa coletando evidências. "Cresci em Amstetten;
é inacreditável que ninguém
soubesse o que estava acontecendo por todos esses anos."
"É como o caso Kampusch,
mas muito pior", disse o aposentado Joachim Wasser, 75.
Natascha Kampusch, seqüestrada aos dez anos em Viena,
foi mantida por oito anos no
porão de Walfgang Priklopil,
em um subúrbio da capital. Priklopil era parente distante de
Natascha e suicidou-se horas
após a fuga da jovem, em 2006.
Com agências internacionais
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