São Paulo, quarta-feira, 29 de abril de 2009

Próximo Texto | Índice

OMS conta 105 casos de gripe em 7 países

Organização recomenda preparação global para uma pandemia, mas ressalta a baixa gravidade dos casos fora do México

Entre os mexicanos, apenas 7 mortes são atribuídas agora a novo vírus; entidade confirma novos casos na Nova Zelândia e em Israel

Gre Bowker/Associated Press
Estudantes americanos usam máscaras ao chegar à Nova Zelândia, onde ontem três casos da gripe suína foram confirmados

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Com novos casos confirmados na Espanha, no Reino Unido, na Nova Zelândia e em Israel, a OMS (Organização Mundial da Saúde) contabilizou ontem 105 pessoas infectadas pela gripe suína em sete países. A organização advertiu que o vírus continua a se propagar e pediu aos países que se preparem para uma pandemia global.
Com exceção do México, onde a OMS confirmou sete mortes -e não 20, como chegou a ser divulgado pelo próprio governo mexicano-, em todos os demais países os casos são de manifestações brandas do vírus. Os pesquisadores da organização ainda não sabem explicar por que a doença apresentou sintomas muito mais graves no México do que fora de suas fronteiras. Eles estudam o perfil dos infectados para obter alguma pista.
Enquanto alguns pacientes nos EUA se recuperaram sem nem sequer receber medicamento, outros no México desenvolveram pneumonias severas que levaram à morte.
Além do alcance geográfico, o que preocupa os especialistas é a alta capacidade do novo vírus de se transmitir entre humanos. Foram revelados casos de estudantes em Nova York que pegaram a doença sem ter estado no México, o foco principal do vírus. Eles teriam sido contagiados pelo contato com pessoas que estiveram no país.
A organização confirmou ontem o segundo caso na Espanha, 2 casos no Reino Unido, 2 em Israel e 3 na Nova Zelândia. Assim, chegou a sete o número de países afetados, com México (26), EUA (64) e Canadá (seis) no topo da lista. A Costa Rica anunciou 1 caso, mas a OMS não confirmou.
Keiji Fukuda, diretor-geral assistente da OMS, explicou que o organismo só conta os casos confirmados em laboratório e comunicados pelos países. "Há muitos números flutuando", disse Fukuda, advertindo para o risco de informações infladas aumentarem a confusão em torno do vírus.
Na segunda-feira a organização elevou seu nível de alerta de 3 para 4 (numa escala de 6), indicando que o risco de pandemia era significativo. Além disso, admitiu que já não era mais viável conter a propagação do vírus, e que o foco das ações deveria ser a redução dos efeitos.

Viagens
Todos os novos casos registrados ontem foram de pessoas que estiveram recentemente no México. Embora a OMS não recomende restrições ao movimento de pessoas, vários países apertaram o controle de suas fronteiras. Além disso, EUA, Canadá, Reino Unido, França e Alemanha desaconselharam viagens ao México.
A União Europeia, que na segunda havia feito o mesmo, ontem voltou atrás e disse que não há motivos para restrições.
Questionado pela Folha, o porta-voz da OMS, Gregory Hartl, não quis revelar se a organização sofreu pressão de governos temerosos dos resultados catastróficos que o fechamento de fronteiras poderia ter em plena crise. Mas admitiu que o possível impacto econômico foi uma das considerações para não defender restrições a viagens.
Keiji Fukuda disse que o risco de uma pandemia ainda é alto, mas que, mesmo que ocorra, ela poderá ser branda. Porém alertou: "A pior pandemia do século 20 começou relativamente branda e acabou se tornando um dos episódios mais graves de doenças infecciosas já registrados", lembrou, em referência à gripe espanhola (1918), que deixou milhões de mortos.


Próximo Texto: México fecha os restaurantes, mas vê diminuição no contágio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.