SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O general Américo Salvador de Oliveira, comandante da tropa brasileira que começou a se deslocar ontem para a missão de paz da ONU no Haiti, disse que os 1.200 militares que estão indo para a ilha têm preparo para atuar no socorro às vítimas das chuvas e enchentes que já mataram cerca de 2.000 pessoas no país.
Embora a ONU não tenha ainda contatado o Brasil sobre o uso dos militares em ações humanitárias, a hipótese já está sendo considerada pelo Ministério da Defesa, pelo Exército e pela Marinha.
"Estamos com o espírito preparado para também colaborar com essa parte", disse Oliveira.
O treinamento da tropa brasileira não incluiu ações desse tipo. Os brasileiros foram treinados para realizar escoltas, interrupções de trânsito e atividades de segurança de autoridades e prédios, entre outras tarefas.
O general não se diz preocupado. "Estamos indo para ajudar a população, que é amiga. Somos uma tropa amiga. O Brasil pode colaborar no atendimento à população carente. Poderá ser uma tarefa subsidiária, complementar. Não há problemas quanto a isso."

Partida
De manhã, zarparam do cais do Mocanguê, no Rio, os navios Mattoso Maia (de desembarque de carros de combate), Rademaker (fragata), Ceará (desembarque-doca) e Gastão Motta (tanque).
O comboio levará 18 dias, sem escalas, para chegar ao Haiti. Viajam nele 161 militares -98 do Exército, vindos do Rio Grande do Sul, e 63 fuzileiros navais do Estado do Rio- que integrarão a missão de paz.
Os 993 tripulantes dos navios não participam da missão. Só o Mattoso Maia, com 275 tripulantes, ficará um mês no Haiti, em apoio à tropa brasileira. Os outros três navios voltam ao Brasil após o desembarque da tropa e da carga (143 caminhões, carros e blindados e 82 contêineres repletos de material e equipamentos).
Também partiu ontem para o Haiti um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) com sete fuzileiros navais e 42 militares do Exército. O grupo precursor deve chegar hoje ao país, pois haveria um pernoite em Boa Vista.
A tropa brasileira estará completa no Haiti até o próximo dia 19. Serão 1.200 militares: 948 do Exército, 251 da Marinha e um observador da Aeronáutica.
O próximo grupo viajará na segunda-feira (dia 1º), de avião. O restante da tropa vai para o Haiti em 18 de junho, também levado pela FAB.
A partir de junho, tropas de países sul-americanos (Argentina, Uruguai, Peru e Paraguai, além do Brasil e do Chile) deverão começar a substituir os militares norte-americanos, franceses e canadenses que participam da missão de paz.
As tropas internacionais (EUA, França, Canadá, Chile e, agora, Brasil) foram enviadas ao Haiti pela ONU após a queda, no final de fevereiro, do presidente Jean-Bertrand Aristide, pressionado por forças rebeldes.


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