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ONU pede mais tropas para
conter violência no Timor
Mortos são 27; gangues aterrorizam a capital
DA REDAÇÃO
O representante especial da
ONU no Timor Leste, Sukehiro
Hasegawa, afirmou ontem que
são necessárias mais forças de
paz para restaurar a ordem na
capital, Dili. Ele fez um apelo
aos líderes do país para que não
deixem aumentar as hostilidades. "Eles têm pontos de vista
diferentes sobre como administrar o país, e a (situação) é
muito, muito frágil", disse.
Cerca de 300 funcionários da
organização já foram retirados
do país.
Ontem, enquanto gangues rivais aterrorizavam a capital
sem praticamente encontrar
resistência, dezenas de milhares de moradores de Dili buscaram refúgio em igrejas, embaixadas e no aeroporto. Pelo menos 27 pessoas já morreram.
Pelo terceiro dia seguido,
gangues incendiaram casas e
entraram em confronto, portando machetes e facas. Soldados australianos dispersaram
alguns deles, que, porém, rapidamente se reagruparam.
Os incêndios enchiam de fumaça preta o céu da capital,
além de provocarem explosões
nas tubulações de gás. As ruas
estão repletas de destroços.
Ontem à noite, Dili ainda estava em chamas, enquanto helicópteros levando soldados armados sobrevoavam a cidade.
Um encontro do gabinete foi
agendado para hoje, em meio a
especulações de que o governo
pode entrar em colapso e de
que o o Parlamento será dissolvido. O primeiro-ministro, Mari Alkatiri, havia dito que a violência é resultado de um complô para tirá-lo do poder.
Condições precárias
Cerca de 27 mil timorenses
buscaram abrigo em campos de
refugiados, afirmou Robert Ashe, representante regional do
Alto Comissariado da ONU para Refugiados. Mas as condições nas barracas de campanha
são precárias.
Crianças se lavam em poças
poluídas por excrementos humanos, e muitos não têm acesso a comida ou água potável.
Entre eles está Aquilino Soares Torres, 34, que se refugiou
no aeroporto de Dili com a mulher e oito filhos. Ele lamenta
que as forças estrangeiras não
estejam conseguindo dar um
fim ao conflito. "Eles não vão à
periferia, onde ocorre a violência. Acho que a situação irá piorar. Estou pronto para deixar o
país apenas com a roupa do
meu corpo", afirmou.
O Japão, assim como a Austrália, os EUA e outros países,
manteve no Timor apenas suas
equipes de emergência.
Cerca de 200 chineses procuraram abrigo na embaixada de
seu país. O governo da China
afirmou que irá enviar um
avião ainda hoje para retirar
seus cidadãos.
Os conflitos no Timor Leste
tiveram início com a demissão
de 591 militares das Forças Armadas que haviam entrado em
greve, reclamando de discriminação e das precárias condições
de trabalho. Segundo o governo, a onda de violência teve início depois que alguns dos homens desligados do Exército
tentaram emboscar tropas oficiais. Nova Zelândia e Austrália
ofereceram ajuda militar.
Ex-colônia portuguesa, em
1975 Timor Leste foi ocupado
pela Indonésia. Em 1999, um
referendo decidiu pela independência e deu início a uma
guerra civil que destruiu o pequeno país, com território menor que Sergipe. Cerca de 5%
da população fala português.
Com agências internacionais
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