São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2007

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Resultados na Espanha confirmam empate

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Os dois grandes partidos espanhóis -o PSOE, Partido Socialista Operário Espanhol, e o PP, Partido Popular, conservador- gastaram uma enorme munição retórica durante e antes da campanha eleitoral para tudo terminar em um grande empate ao serem conhecidos os resultados do pleito municipal e autonômico de domingo.
A diferença no número total de votos para a eleição municipal ficou depois da vírgula (0,7 ponto percentual a favor do PP, ora na oposição). Nada significativo, ainda mais que os socialistas podem contabilizar a seu favor um maior número de vereadores eleitos e também a conquista de governos autônomos hoje em mãos do PP, casos das ilhas Canárias, de Navarra e talvez das ilhas Baleares, sempre na condição de que o PSOE feche alianças com outros grupos, dado que não conseguiu a maioria para governar sozinho.
A eleição municipal apenas ratificou que a Espanha está há algum tempo dividida, política e eleitoralmente, em três porções: um terço, grosso modo, para os socialistas, outro terço para os "populares" e o terço restante dividido entre a esquerda e formações regionais. De fato, em 2003, no pleito municipal anterior, o PSOE ganhou também depois da vírgula (34,83% contra 34,29% do PP). Agora o PP ficou com 35,64% e o PSOE, com 34,94%.
Qualquer tentativa de jogar esses números para a votação nacional, que deve ocorrer no ano que vem, pode ser equivocada. Como em qualquer lugar do mundo, eleição municipal tem um componente local fortíssimo, por mais que os dois grandes partidos tenham tentado nacionalizá-la. O caso de Madri, o mais retumbante êxito do PP, é ilustrativo: o prefeito da cidade, que confirmou facilmente sua maioria, é Alberto Ruiz Gallardón, com evidentes discrepâncias em relação à cúpula de seu partido.
O peso pessoal de Gallardón torna-se mais evidente quando se sabe que 39% dos madrilenos se dizem de esquerda, contra 27% de direita, o que deveria levar a sucessivas vitórias socialistas. No entanto o PP governa faz 16 anos, graças, em grande medida, à coleção de obras que Gallardón espalhou pela capital espanhola.
Ele já era candidato a líder do PP quando o então premiê conservador José María Aznar afastou-se em 2004. Perdeu a corrida para Mariano Rajoy, mas certamente será o sucessor deste, se Rajoy não derrotar o premiê Zapatero em 2008.


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