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Resultados na Espanha confirmam empate
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
Os dois grandes partidos espanhóis -o PSOE, Partido Socialista Operário Espanhol, e o
PP, Partido Popular, conservador- gastaram uma enorme
munição retórica durante e antes da campanha eleitoral para
tudo terminar em um grande
empate ao serem conhecidos os
resultados do pleito municipal
e autonômico de domingo.
A diferença no número total
de votos para a eleição municipal ficou depois da vírgula (0,7
ponto percentual a favor do PP,
ora na oposição). Nada significativo, ainda mais que os socialistas podem contabilizar a seu
favor um maior número de vereadores eleitos e também a
conquista de governos autônomos hoje em mãos do PP, casos
das ilhas Canárias, de Navarra e
talvez das ilhas Baleares, sempre na condição de que o PSOE
feche alianças com outros grupos, dado que não conseguiu a
maioria para governar sozinho.
A eleição municipal apenas
ratificou que a Espanha está há
algum tempo dividida, política
e eleitoralmente, em três porções: um terço, grosso modo,
para os socialistas, outro terço
para os "populares" e o terço
restante dividido entre a esquerda e formações regionais.
De fato, em 2003, no pleito municipal anterior, o PSOE ganhou também depois da vírgula
(34,83% contra 34,29% do PP).
Agora o PP ficou com 35,64% e
o PSOE, com 34,94%.
Qualquer tentativa de jogar
esses números para a votação
nacional, que deve ocorrer no
ano que vem, pode ser equivocada. Como em qualquer lugar
do mundo, eleição municipal
tem um componente local fortíssimo, por mais que os dois
grandes partidos tenham tentado nacionalizá-la. O caso de
Madri, o mais retumbante êxito do PP, é ilustrativo: o prefeito da cidade, que confirmou facilmente sua maioria, é Alberto
Ruiz Gallardón, com evidentes
discrepâncias em relação à cúpula de seu partido.
O peso pessoal de Gallardón
torna-se mais evidente quando
se sabe que 39% dos madrilenos se dizem de esquerda, contra 27% de direita, o que deveria levar a sucessivas vitórias
socialistas. No entanto o PP governa faz 16 anos, graças, em
grande medida, à coleção de
obras que Gallardón espalhou
pela capital espanhola.
Ele já era candidato a líder do
PP quando o então premiê conservador José María Aznar
afastou-se em 2004. Perdeu a
corrida para Mariano Rajoy,
mas certamente será o sucessor
deste, se Rajoy não derrotar o
premiê Zapatero em 2008.
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