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Ministro da Defesa pede a saída de premiê israelense
Ameaça de Barak de retirar apoio ameaça coalizão; Olmert é investigado por corrupção
Chefe de governo diz que não vai renunciar; posto iria para Tzipi Livni em caso de licença; em eleição, o Likud, de direita, levaria vantagem
DA REDAÇÃO
Uma nova tempestade política se abateu ontem sobre Israel, com o apelo do ministro da
Defesa e líder do Partido Trabalhista, Ehud Barak, para que
o primeiro-ministro Ehud Olmert se afaste do cargo, em razão de suspeitas de corrupção.
Os trabalhistas são os principais aliados do Kadima, partido
de Olmert, na frágil coalizão israelense. Barak, ele próprio um
ex-premiê, disse em entrevista
que, caso Olmert não renuncie
ou se licencie, seu partido
abandonaria o governo para
forçar a antecipação das eleições previstas para 2010.
Em 2006, depois da desastrada campanha militar israelense
contra o grupo islâmico Hizbollah, no sul do Líbano, Barak
também havia pedido publicamente o afastamento de Olmert e ameaçado retirar o
apoio dos trabalhistas. A ameaça foi em seguida esquecida.
Ontem Olmert declarou que
"alguém sendo investigado não
deve necessariamente renunciar". Pouco antes, dois de seus
auxiliares reiteravam que ele
não tinha a intenção de deixar
seu posto. Tal Silberstein, assessor em estratégia, disse que
ele permaneceria no governo e
que a entrevista de Barak "em
nada mudou os planos dele".
Por sua vez, o porta-voz
Mark Regev disse que "o premiê está convencido de que,
conforme o inquérito policial
for avançando, ficará claro que
ele nada fez de errado".
Olmert já sofreu cinco investigações desde que assumiu a
chefia do governo, em janeiro
de 2006. A última delas é por
corrupção eleitoral. Anteontem o milionário americano
Morris Talansky disse em depoimento ter entregue a Olmert US$ 150 mil em espécie
quando ele era prefeito de Jerusalém ou ministro da Indústria e Comércio. Também comentou os hábitos fúteis e luxuosos do então amigo.
Mesmo sem comprovar tráfico de influência -Talansky disse nada ter recebido em troca-,
o episódio denegriu ainda mais
a imagem do premiê. O jornal
"Yediot Ahronot" qualificou as
novidades de "nojentas".
O clima é francamente desfavorável a Olmert. Um canal de
TV informou que sua ex-chefe
de gabinete Shula Zaken havia
concordado em depor contra
ele em troca de imunidade judicial. A assessoria de Olmert
desmentiu a informação.
Cenários para a crise
O enfraquecimento de Olmert deixa abertos alguns roteiros caso ele não consiga se
manter no cargo. Ele poderia se
afastar temporariamente da
chefia do governo. Sendo esse o
caso, seria substituído por Tzipi Livni, vice-premiê e ministra
das Relações Exteriores. Já se o
afastamento for definitivo, o
Kadima indicaria um novo dirigente, situação em que Livni
precisaria disputar internamente o cargo. O general da reserva Shaul Mofaz seria um de
seus adversários.
Se ocorrerem eleições antecipadas, o Likud -partido da
direita do qual são originários
Olmert e seu padrinho político,
o ex-premiê Ariel Sharon, em
coma há dois anos e meio- é o
favorito nas pesquisas. O líder
do partido, Benjamin Netanyahu, voltaria à chefia do governo.
Ainda no campo das hipóteses, o Likud precisaria se aliar a
pequenos partidos religiosos da
direita, que descartam qualquer devolução de terras aos
palestinos e à Síria, comprometendo assim duas frentes de negociação em que Olmert está
vagarosamente empenhado.
Os Estados Unidos reagiram
com cautela ao novo episódio
da crise israelense. O porta-voz
do Departamento de Estado
Tom Casey disse que não opinaria sobre a política interna de
Israel e que Washington permanecia empenhada para que
aquele país chegasse a um acordo de paz com os palestinos.
O presidente da Autoridade
Nacional Palestina, Mahmoud
Abbas, qualificou a ameaça de
Barak de questão de política
doméstica israelense. Mas seus
assessores disseram que ele temia os efeitos de uma possível
queda de Olmert.
Com agências internacionais
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