São Paulo, sábado, 29 de maio de 2010

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Amorim rebate as "discordâncias sérias" de Hillary

DO RIO

O chanceler brasileiro, Celso Amorim, rebateu duramente ontem, em entrevista coletiva no 3º Fórum da Aliança de Civilizações, no Rio, as críticas da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, ao acordo entre Brasil, Turquia e Irã sobre o programa nuclear do último.
Ao responder a uma pergunta específica sobre a declaração de Hillary, que disse anteontem ter "discordâncias muito sérias" com o governo brasileiro na questão e que dar mais tempo ao Irã "torna o mundo mais perigoso", ele afirmou:
"Tem muita gente decepcionada porque isso [um acordo pelo diálogo] produziu resultados, porque a expectativa deles era a de que não se produzisse, para continuar na mesma linha".
Amorim ressaltou que Brasil e Turquia não são irresponsáveis, afirmando que os termos do trato foram debatidos previamente com várias nações, inclusive os EUA.
"Seguimos o script que, de alguma maneira, nos foi oferecido, e agora ouvimos um "ok, isso não importa" (...). Eles podem fazer isso, são membros permanentes do Conselho de Segurança e têm poder nuclear. Nós não podemos, pois temos apenas o poder moral", afirmou.
Ao seu lado, o ministro de Negócios Estrangeiros da Turquia, Ahmet Davutoglu, também defendeu o acordo, mas em tom mais ameno.
Sobre a possibilidade de o desentendimento abalar as relações diplomáticas entre Brasil e EUA, Amorim disse não crer na hipótese -seria uma "reação infantil".
Ao responder sobre como ficaria o pleito do Brasil de assumir um assento permanente no Conselho de Segurança após o episódio, Amorim afirmou que o país seguiu sua consciência e que, "se for para ser membro do conselho e ter uma posição de subserviência", é melhor não fazer parte.
(ANTÔNIO GOIS, JANAINA LAGE e SAMANTHA LIMA)


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