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63% da população venezuelana rejeita nacionalizações
Pesquisa diz ainda que 51% dos eleitores votariam em qualquer um que não fosse Chávez no pleito de 2012
Levantamento é mais uma mostra de que a popularidade do líder vem sendo duramente afetada por crise no país
ENVIADA A BOGOTÁ
Para 63% da população
venezuelana, as nacionalizações de empresas -compras
compulsórias pelo Estado-
ou expropriações de companhias ou terras pelo governo
Hugo Chávez são ruins para o
desenvolvimento do país, segundo pesquisa do instituto
Alfredo Keller e Associados
divulgada nesta semana.
Ainda segundo a pesquisa, com entrevistas feitas entre abril e maio, 27% dos venezuelanos dizem que uma
das desvantagens das nacionalizações é que elas provocam escassez de produtos.
O respeitado instituto Datanalisis também aponta, segundo seu diretor Luis Vicente León, que 50,9% acreditam que as expropriações
piorarão o desabastecimento, contra só 13,8% que
creem o contrário. O levantamento da empresa, feito para
clientes privados, não foi divulgado na íntegra.
A combinação de resultados não é boa para o presidente Hugo Chávez, que intensificou neste ano nacionalizações e expropriações
de empresas fabricantes de
alimentos -como usinas de
açúcar e fábricas de farinha
de milho, entre outros- e
ainda nacionalizou uma rede
de supermercados francesa.
Chávez amarga uma dura
conjuntura econômica com
mescla de recessão -o PIB
recuou 5,8% no primeiro trimestre desde ano- com inflação, com alta de 5,2% só
em abril.
A queda da economia pelo
quarto trimestre consecutivo, em contraste com a recuperação da região, se deve,
entre outros fatores, segundo
o Banco Central da Venezuela, à crise energética, à redução do consumo e investimentos privados e à falta de
divisas no mercado.
O governo enfrenta crise
no mercado de dólar paralelo, que abastece o rarefeito
mercado de divisas. Caracas
anunciou mudanças no tipo
de câmbio na semana passada, mas até agora o mercado
segue paralisado.
ELEIÇÕES LEGISLATIVAS
A reação do presidente
tem sido minimizar a crise e
intensificar o discurso contra
a propriedade privada. Na
quarta, após a divulgação do
PIB, Chávez disse que o resultado era "o velório do capitalismo", mas bom para a
transição da economia venezuelana ao socialismo.
A aposta de Chávez de redobrar os ataques retóricos
acontece a poucos meses das
eleições legislativas de setembro, quando o governismo tentará manter o domínio
da nova Assembleia.
Para analistas, o presidente venezuelano arrisca-se a
perder os votos dos chamados ni-ni (nem chavistas nem
antichavistas). Ele ainda é
forte entre os pobres, mais
castigados pela inflação.
Segundo a pesquisa Keller
e Associados, 32% dos venezuelanos dizem que vão votar no chavismo em setembro, ante 25% que pretendem
apoiar a oposição. Não desprezíveis 22% afirmam que
votarão em independentes
-ligados à oposição, sublinha a pesquisa.
O estudo também pergunta sobre a eleição presidencial de 2012, e 51% dizem que
votarão em qualquer candidato que não seja Chávez.
Luis Vicente León afirma
que os seus levantamentos
também registram queda de
popularidade de Chávez,
mas reitera que essa queda
ainda não conseguiu ser capitalizada por nenhuma liderança da oposição.
"Quanto mais agressivo
for o ideólogo, mais estímulos há para o surgimento de
uma oferta alternativa. Se ela
surge ou não, é outro tema",
escreveu León em sua página
no Twitter.
(FLÁVIA MARREIRO)
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