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São Paulo, domingo, 29 de junho de 2003

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IRAQUE OCUPADO

2 desaparecidos desde quarta são achados mortos, e outro é morto em ataque; oficial diz que guerra não acabou

EUA perdem mais três militares no Iraque

Hadi Mezban/Associated Press
Soldado norte-americano vigia dois iraquianos suspeitos de roubar gasolina de prédio de Bagdá


DA REDAÇÃO

Tropas de ocupação dos EUA no Iraque encontraram ontem ao norte de Bagdá os corpos de dois soldados desaparecidos desde a quarta-feira. Horas antes, um ataque havia matado um soldado americano e ferido outros quatros na capital iraquiana.
Um alto oficial das Forças Armadas dos EUA disse que a onda de ataques contra as tropas de ocupação indicam que a guerra no Iraque ainda não acabou.
O Comando Central americano não deu detalhes das circunstâncias em que ocorreram as mortes dos dois soldados que estavam desaparecidos e haviam desencadeado grande operação de busca.
Ao menos 22 americanos já morreram por fogo hostil desde o fim das principais operações de combate no Iraque, em 1º de maio. Até a data, os EUA haviam perdido 114 militares em combate. Já o Reino Unido perdeu seis militares por fogo hostil desde o fim dos principais combates. Antes disso, tinha perdido oito homens. Os dados são da agência de notícias Reuters.
O oficial militar americano, que não quis se identificar, atribuiu a onda de ataques a simpatizantes do regime deposto de Saddam Hussein e militantes ligados ao seu partido, o Baath, banido após a guerra, embora granadas e rifles sejam facilmente encontrados no país e haja hostilidade em vários setores iraquianos contra a ocupação estrangeira.
"A primeira mensagem clara que devemos tirar de tudo isso é que a guerra não acabou", disse o militar em Bagdá.
Desde que o presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou o fim dos combates principais no Iraque, que encerraram a brutal ditadura de Saddam, grupos iraquianos vêm pedindo o fim da ocupação e um governo próprio no lugar da administração americana, apoiada por 156 mil militares, 53 mil deles em Bagdá.
Os iraquianos seguem frustrados por faltas diárias de energia e água enquanto enfrentam temperaturas de até 40º C e uma onda de crime e violência.
Funcionários americanos em Bagdá já chamaram os ataques de "militarmente insignificantes" por não reduzirem a capacidade da força americana no país.
Quando Bagdá caiu rapidamente, em abril, militares americanos expressaram o receio de que as forças de Saddam, ao invés de lutar, preferissem fugir para retomar a luta mais tarde.
Nos últimos quatro dias, ao menos cinco soldados americanos foram mortos em combates. Um sexto morreu num acidente.
Seis policiais britânicos foram mortos na terça-feira no sul do Iraque, no que os iraquianos chamaram de uma reação espontânea contra o que consideraram revistas de armas intrusivas e culturalmente ofensivas.
Sabotadores também estão agindo para minar o governo de ocupação, atacando a rede elétrica e as instalações da indústria de petróleo, principal fonte de divisas do país.
A onda de ataques e as cada vez mais duras reações das forças de ocupação estão frustrando os dois lados. Fontes militares americanas em Bagdá disseram ontem que as forças de ocupação detiveram mais de 900 pessoas ligadas ao regime de Saddam na semana passada, mas que algumas já haviam sido liberadas desde então.

Orquestra
Os combates diários vêm ofuscando alguns avanços desde o fim dos maiores combates militares. O petróleo voltou a ser produzido, embora em escala mínima, o policiamento voltou a algumas regiões do país, embora insuficiente para conter a onda de crimes do pós-guerra, e o sistema judiciário voltou a funcionar parcialmente em várias cidades.
O desejo de normalidade é grande por parte dos iraquianos, como foi revelado em concerto anteontem da Orquestra Sinfônica Nacional. Foi o primeiro concerto desde a queda do regime de Saddam, e a orquestra tocou músicas patrióticas anteriores à ditadura de 35 anos.
Uma das músicas, "Minha Nação", banida por Saddam por não fazer referência a ele ou ao seu partido, levou vários iraquianos às lágrimas. Militares americanos, alguns com suas armas, aplaudiram de pé, assim como o administrador do governo americano de ocupação, Paul Bremer.
"Minha nação, Será que verei você segura, abençoada, vitoriosa e apreciada?", cantou a platéia acompanhada pela orquestra.

Com agências internacionais


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