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Iraquianos reagem com ceticismo
DA REDAÇÃO
Quase 6 em cada 10 iraquianos
(59%) acreditam que a coalizão
internacional liderada pelos EUA
estava errada ao invadir o Iraque,
mas metade acha que a coisa que
seu país mais precisa nos próximos cinco anos é democracia, de
acordo com uma pesquisa de opinião divulgada ontem.
Apesar de um grande descontentamento com as forças da coalizão, quase 60% da população
tem a opinião de que os EUA, se
quiserem que o governo interino
tenha sucesso, devem ajudar na
reconstrução do Iraque.
A pesquisa detectou um compromisso com a democracia, mas
alguma confusão sobre como alcançá-la em um país instável e dividido, muitas vezes com violência, entre sunitas, xiitas e curdos.
"Os iraquianos sabem o que
querem para seu futuro: democracia. Para eles, significa liberdade, justiça, igualdade. Eles apenas
não sabem como chegar lá", disse
Christoph Sahm, diretor do instituto britânico Oxford Research
International, que fez a pesquisa.
Indagados sobre como a vida
mudou desde a queda de Saddam
Hussein, 44% dos iraquianos disseram que estava muito melhor
ou melhor, 32% afirmaram que
estava a mesma coisa, e cerca de
25% declararam que estava muito
pior ou pior.
Para a grande maioria, 84%, a
principal prioridade do Iraque
deve ser a segurança pública.
Mais de 80% dizem que não têm
confiança nas forças americanas e
britânicas -apenas 42% dão
apoio à sua presença no Iraque.
Somente 28% caracterizam os
soldados americanos e britânicos
como libertadores ou pacificadores -72% os definem como ocupantes ou exploradores.
No entanto somente um terço
da população quer que as tropas
saiam agora. "Os iraquianos são
pragmáticos. Um iraquiano me
disse: "Queremos que as tropas sejam como o vento. Queremos
senti-las, mas não queremos vê-las nas ruas'", afirmou Sahm.
Os pesquisadores entrevistaram
3.002 iraquianos entre os dias 19
de maio e 14 de junho. Não foi informada a margem de erro.
Ceticismo
A devolução formal da "soberania" foi tão inesperada que na loja
de computadores de Ahmed al
Ansary, em Bagdá, a notícia só
chegou no meio da tarde, trazida
por alguns clientes.
"[O chefe da Autoridade Provisória da Coalizão, Paul] Bremer
foi embora, mas os cordões amarrados no novo governo são muito
compridos. Eles podem ser puxados de Washington", disse Ashjan
al Akuli, que estava na loja.
Harith Anvar, dono de uma livraria, observou que nada mudou
por enquanto. "Os próximos dias
dirão se foi bom ou ruim. Temos
de ver qual é a diferença. O governo tem de melhorar o básico: eletricidade, água, trânsito. Se conseguirmos isso, vamos apoiar os políticos", disse.
O comerciante Hussein Abdul-Wahid disse que "foi bom fazer a
devolução com dois dias de antecedência", porque a manobra
confundirá "todos os que quiserem estragar isso". "Isso é o que
Saddam costumava fazer. Ele fazia surpresas dessas para frustrar
seus inimigos", afirmou.
Mowaffak Noori, técnico em informática, também elogiou a
ação. "Foi bastante esperto. Os
americanos realmente entenderam a mentalidade aqui."
Apesar disso, ele manifesta alguma preocupação: "Nós simplesmente não sabemos quem
nossos líderes são. Quem é Iyad
Allawi? Não sabemos quais os objetivos dos EUA aqui. Eles querem que o país e a região sejam estáveis ou não?".
Com agências internacionais e o jornal
"The New York Times"
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