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Confrontos de rua voltam a agitar capital de Timor
Saqueadores, partidários e adversários de ex-premiê queimam casas e lojas
Mari Alkatiri acusa oposição de "destruir" Dili e convoca seus partidários a irem às ruas no país, onde 150 mil já fugiram de casa por medo
DA REDAÇÃO
Partidários e adversários de
Mari Alkatiri, primeiro-ministro de Timor Leste que renunciou sob pressão segunda-feira,
enfrentaram-se ontem em Dili,
capital da ex-colônia portuguesa. Cerca de 20 casas e seis lojas
foram incendiadas por partidários do ex-premiê, que se misturaram a grupos de saqueadores sem motivação política.
Foi o dia mais violento nas
últimas três semanas no pequeno país asiático de 1 milhão
de habitantes, independente
desde 2002 e que atravessa sua
pior crise interna.
Os ânimos se acirraram após
o pronunciamento que Alkatiri
fez anteontem à noite pela
emissora pública de televisão.
Em tom inflamado, acusou
genericamente seus opositores
pela "destruição de Dili, incêndios e saques". Também lançou
um apelo aos seus 1.200 partidários, acampados em Metinaro, a 40 km da capital, para que
manifestassem em defesa da
Fretilin, partido do qual é dirigente e que tem 55 das 88 cadeiras do Parlamento.
Apesar de uma tentativa de
bloqueio por soldados neozelandeses, que integram as forças internacionais de paz, os
partidários de Alkatiri chegaram em caminhões e passaram
ao confronto com centenas de
adversários do ex-premiê.
Estes, sobretudo do oeste do
país, autodenominam-se Frente Nacional Justiça e Paz e são
liderados pelo major Alves Tara, que ao fim da noite anunciou à agência Lusa estar se retirando de Dili a pedido do presidente Xanana Gusmão.
Ninguém morreu, mas há dezenas de feridos, e entre 13 e 20
pessoas foram detidas.
O pior incidente aconteceu
na zona portuária de Dili, numa
praça chamada jardim dos Heróis, onde saqueadores, desta
vez atuando ao lado de adversários de Alkatiri, atacaram o
campo que abriga parte dos 150
mil refugiados timorenses. O
grupo enfrentou com pedras
soldados australianos.
O mesmo grupo cercou as dependências da TV pública timorense. Ameaçou e feriu jornalistas. A emissora saiu do ar e
só voltará a funcionar com condições mínimas de segurança.
A TV australiana acredita
que os incidentes não devam se
repetir hoje, já que partidários
e adversários de Alkatiri haviam deixado Dili ao anoitecer.
A crise é agora política. O
presidente Xanana Gusmão
ainda não se reuniu com a Fretilin para que ela indique o novo premiê, disse à Agência Lusa
a número dois do governo demissionário, Ana Pessoa, cujo
nome é cogitado para chefiar o
novo gabinete.
Gusmão disse na terça à noite que uma das alternativas seria dissolver o Parlamento e antecipar as eleições legislativas
do ano que vem. O ministro demissionário da Defesa e das Relações Exteriores, José Ramos
Horta, Nobel da Paz de 1996,
disse que apenas em caso extremo aceitaria o cargo de premiê.
Com agências internacionais
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