São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 2011

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Bancos ajudariam pouco no drama grego

Com 1/3 da dívida grega, instituições financeiras têm margem de manobra pequena para participar de resgate

Participação do setor privado é considerada essencial para tentar dar solvência ao país, que ameaça dar calote

JULIANA ROCHA
DE SÃO PAULO

A participação voluntária dos bancos privados europeus no resgate financeiro à Grécia pode ser menos efetiva do que vem sendo estimada. Menos de um terço da dívida pública grega está nas mãos de bancos comerciais.
A União Europeia e o FMI (Fundo Monetário Internacional) esperam que a participação privada no segundo plano de socorro à Grécia some € 30 bilhões (R$ 66 bilhões).
Se para isso contam apenas com os bancos estrangeiros, a margem de manobra será pequena.
Estimativa da consultoria canadense RBC Capital Markets mostra que os bancos comerciais detêm apenas 27% da dívida pública grega. Desse montante, a maior parte está na carteira de bancos gregos, também afetados pela crise financeira no país.
Segundo a consultoria, os bancos gregos têm € 50 bilhões da dívida e os estrangeiros, € 40 bilhões.
Os principais credores da dívida pública da Grécia são bancos centrais de outros países, administradoras de recursos e outras instituições.
O BCE (Banco Central Europeu), individualmente, tem a maior carteira de títulos.
Entre os estrangeiros, os bancos comerciais da Alemanha e da França são os maiores credores gregos. Mas a França, que já anunciou adesão ao novo resgate à Grécia, determinou que apenas uma parte dos títulos será rolada.
RISCOS
Um relatório divulgado pela agência de classificação de risco Fitch alerta que a rolagem ou uma reestruturação da dívida grega representa um risco de moratória do sistema bancário do país.
Essas instituições, que já sofrem com problemas de liquidez, podem perder o acesso aos empréstimos que recebem do BCE, porque usam os títulos da dívida como garantia de pagamento.
O economista brasileiro Roberto Luis Troster acrescenta que, nesse cenário, as instituições financeiras perderão a capacidade de oferecer empréstimos, o que vai agravar a recessão econômica grega.

QUEDA DE BRAÇO
A estatística de exposição dos bancos à dívida grega ajuda a explicar também a queda de braço na Europa pela reestruturação.
O BCE, que se disse contrário, ficaria com o ônus de ajudar os bancos gregos em apuros. Alemanha e França, que defenderam a reestruturação, teriam menos perdas.
Segundo a Fitch, apesar de alemães e franceses serem os maiores credores da Grécia entre bancos estrangeiros, o volume de títulos nas mãos dessas instituições é pequeno se comparado com o porte e a solvência deles.


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