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COLÔMBIA
Governo dá salvo-conduto a líderes das AUC em sua primeira visita à Casa
Paramilitar discursa no Congresso
DA REDAÇÃO
Em um discurso inédito no
Congresso da Colômbia, o líder
máximo do grupo terrorista paramilitar de direita Autodefesas
Unidas da Colômbia (AUC), Salvatore Mancuso, pediu ontem a
criação de mais zonas de exclusão
para prosseguir as negociações de
paz com o governo do país.
"Insistimos na instalação de zonas de exclusão em lugares distintos, como Madgalena Medio
(centro), o sul de Bolívar (norte),
Cundinamarca (centro), os Llanos Orientales ou o norte de Santander (leste)", disse Mancuso.
"As zonas constituem uma forma nova de espaço de negociação
social e de proveitosa articulação,
onde se pode levar a cabo paralelamente o processo de paz e os
acordos políticos com os setores
representativos da comunidade
local", afirmou.
A visita de Mancuso a Bogotá ao
lado de Ernesto Báez e Ramón
Isaza, também líderes das AUC,
ocorreu em resposta a um convite
da Comissão de Paz do Congresso. Os três, que são alvo de pedidos de captura internacional por
tráfico de drogas, deixaram a única zona de exclusão autorizada
até agora, próxima à aldeia de
Santa Fe de Ralito (norte), onde
estão concentrados, graças a um
salvo-conduto do presidente Álvaro Uribe. O governo foi responsável pela escolta dos três.
Criada nos anos 80 para combater as guerrilhas terroristas das
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do ELN
(Exército de Libertação Nacional), as AUC foram responsáveis
por algumas das piores matanças
nas últimas décadas no país. Com
mais de 20 mil membros, o grupo
anunciou, em 2002, um cessar-fogo unilateral e iniciou um acordo
com Uribe para a desmobilização
de combatentes até 2006.
A presença dos paramilitares
causou polêmica no Congresso.
"A presença dos negociadores das
AUC no Congresso é algo que não
ajuda o processo de paz", disse o
deputado independente Wilson
Borja, da Comissão de Paz.
Ruptura
Os candidatos democratas a
presidente e vice dos EUA, John
Kerry e John Edwards, e mais 21
senadores enviaram uma carta a
Uribe e pediram a ruptura de laços entre o Exército e os paramilitares. Embora entendam as "dificuldades que [Uribe] enfrenta",
eles expressaram "preocupação"
com os "contínuos níveis da violência que afeta a população civil"
e pediram "a suspensão, a investigação e um enérgico julgamento
dos oficiais implicados nessas relações [com a AUC]".
O governo Uribe agradeceu o
envio da carta, mas considerou-a
uma jogada eleitoral para satisfazer a esquerda do Partido Democrata. A carta foi publicada em
meio à Convenção Nacional Democrata, em Boston (EUA).
"Entendemos esse jogo político
e responderemos também, politicamente, com resultados", disse o
vice-presidente, Francisco Santos.
Santos admitiu, no entanto, que
as negociações de paz estão atravessando uma grave crise de credibilidade e cobrou explicações
dos paramilitares. "Os senhores
da AUC terão de responder cara a
cara ao país por que estão violando o cessar de hostilidades."
Os paramilitares dizem que, enquanto as guerrilhas seguirem cometendo ataques contra a população civil e seus próprios militantes, não respeitarão o cessar-fogo.
Com agências internacionais
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