São Paulo, sábado, 29 de julho de 2006

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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Míssil de longo alcance atinge Israel

Baz Ratner/Associated Press
Soldados do Exército de Israel olham em direção do vilarejo de Maroun al Ras, no sul do Líbano


Armamento com 100 kg de explosivos cai em uma cidade no norte do país, mas não causa prejuízos

Dirigente do Hizbollah considerado o responsável pelos mísseis de longo alcance é morto em ataque aéreo israelense no Bekaa


MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TZFAT

O Hizbollah disparou ontem, pela primeira vez desde o início do conflito, mísseis de longo alcance contra Israel, que caíram em terrenos abertos na região de Afula, a 47 km da fronteira. Segundo a mídia israelense, os militares planejam posicionar baterias antimísseis na região de Tel Aviv, que o Hizbollah já ameaçou atacar.
O Exército de Israel estima que o Hizbollah tenha dezenas de mísseis iranianos Zilzal, com alcance de 120 km e ogiva com 600 kg de explosivos.
A polícia israelense anunciou que o míssil disparado ontem é de um tipo desconhecido e tem capacidade para até 100 kg de explosivos. De acordo com o grupo xiita, trata-se de um míssil Khaibar.
A mídia de Israel informa que cinco mísseis terra-terra de fabricação iraniana caíram na região de Afula.
Dudi Cohen, comandante da polícia na região central de Israel, que inclui Tel Aviv, disse que já foram realizados treinamentos em conjunto com o Exército e com a Defesa Civil para o caso de queda de mísseis na área, a mais rica e mais povoada do país.
Israel ainda não anunciou que tipo de reação adotará caso Tel Aviv seja atingida. Mas o Exército convocou até 30 mil soldados da reserva e afirma estar preparado "para qualquer situação".
Enquanto o norte de Israel continua parado, com estradas vazias e sons dos foguetes Katyusha, aviões e artilharia, a vida na região de Tel Aviv segue normalmente.
Baterias de sistemas norte-americanos Patriot, com radares que detectam mísseis terra-terra e disparam interceptadores, já foram posicionadas ao redor de Haifa e de Tzfat. Os Patriot foram usados com relativo sucesso na Guerra do Golfo, em 1990, e Israel desenvolveu seu próprio sistema, chamado Hetz.
Segundo a Inteligência de Israel, o Hizbollah pode usar também aeronaves não tripuladas carregadas com explosivos, difíceis de serem detectadas por radar e derrubadas.
O Hizbollah manteve também a barragem de Katyusha, de alcance limitado. Uma delas atingiu o hospital da cidade de Nahariya, mas os pacientes já haviam sido transferidos para as instalações subterrâneas.
Outras dez localidades da Galiléia foram atingidas. Dois Katyusha caíram em casas da cidade de Kriyat Shimona, e duas pessoas ficaram feridas.
Israel também subiu um degrau na escalada militar e matou o dirigente do Hizbollah Nur Shalhov, que seria o responsável pelos mísseis de longo alcance do grupo. O carro dele foi atingido em um ataque aéreo israelense no vale do Bekaa. Outros membros do Hizbollah foram mortos no bombardeio.
O Exército de Israel afirma que já matou dois dirigentes de alto escalão do Hizbollah e 200 guerrilheiros. O grupo libanês confirma apenas que perdeu 37 homens.
A troca de fogo na aldeia de Bint Jbeil, a cinco quilômetros da fronteira, continuam. O Exército disse que matou 26 guerrilheiros do Hizbollah e destruiu fuzis, granadas, minas terrestres, mísseis antitanque e motocicletas usadas pela organização.
Os combates pelo domínio do local, considerado o centro de comando do grupo xiita no sul do Líbano, já duram cinco dias. Nesta semana, nove soldados israelenses foram mortos em uma emboscada realizada pelo grupo xiita.
Caças israelenses atacaram durante o dia inteiro aldeias perto da cidade portuária de Tiro, no sul do Líbano, de onde o Exército afirma que estão sendo disparados foguetes contra Haifa. Foram realizadas mais de 70 bombardeios no vale do Bekaa. A artilharia de Israel foi acionada o dia inteiro contra aldeias controlada pelo Hizbollah. Pelo menos 13 pessoas morreram, segundo autoridades libanesas.


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