|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Chávez retira embaixador de Bogotá
Venezuelano diz reagir à "agressão" do governo colombiano, que cobrou explicações por armas achadas com as Farc
Relações econômicas da Venezuela com vizinho, um de seus maiores provedores de alimentos, também são congeladas em retaliação
Presidência venezuelana/Divulgação
|
|
Hugo Chávez, que ontem anunciou congelamento das relações diplomáticas com a Colômbia
DA REDAÇÃO
O presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, congelou as relações diplomáticas e econômicas entre seu país e a Colômbia,
ordenou a retirada do embaixador venezuelano de Bogotá e
ainda ameaçou expropriar empresas colombianas caso o governo Álvaro Uribe siga "agredindo" seu país.
Chávez disse reagir à insinuação "absolutamente falsa"
do governo colombiano de que
Caracas forneceria armas às
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Anteontem, Bogotá confirmou que militares encontraram em poder da guerrilha, no
ano passado, armas de fabricação sueca compradas pela Venezuela. A Suécia confirmou a
procedência dos artefatos e cobrou explicações de Caracas.
Em participação em programa da TV estatal ontem à noite,
o presidente disse que a Venezuela deixará de importar produtos da Colômbia, um de seu
principais fornecedores de alimentos, ao lado do Brasil, e o
segundo maior parceiro econômico depois dos EUA.
"As importações da Colômbia são prescindíveis, podemos
consegui-las em qualquer outro país, no Brasil...", disse, para
grita dos empresários dos dois
lados da fronteira.
Até o fechamento desta edição, a Colômbia não havia comentado a decisão.
O anúncio do venezuelano é
mais um capítulo da tensa relação bilateral, que voltou a ganhar fôlego com negociação de
um acordo militar entre a Colômbia e os EUA.
O acerto, que deve ser fechado em agosto, permitirá a Washington aumentar a presença
militar em ao menos três bases
colombianas, e em três portos.
Os governos esquerdistas de
Bolívia e do Equador reclamaram, e, na semana passada,
Chávez considerou a negociação uma ameaça, decretando a
"revisão integral" das relações
com Bogotá.
Dias depois, o governo Uribe
confirmou a apreensão, em poder das Farc, de lança-foguetes
originalmente venezuelanos.
Segundo a Suécia, os AT-4, espécie de bazuca de fácil manuseio mas de pouca precisão, foram vendidos a Caracas no fim
dos anos 80.
"É absolutamente falso que
nós demos armas a guerrilha
alguma, movimento armado algum", queixou-se Chávez. "Esse governo dá vergonha, está
dirigido por irresponsáveis do
mais alto calibre."
O venezuelano afirmou que
dizer que o governo arma a
guerrilha, sem investigação,
equivaleria a dizer que Uribe
arma narcotraficantes presos
em território venezuelano.
Relação com as Farc
A retirada do embaixador venezuelano de Bogotá encerra
um ano de reaproximação entre o conservador Uribe e o esquerdista Chávez, iniciada pouco após o bombardeio colombiano a um acampamento das
Farc no Equador, em março do
ano passado.
Desde então, o Equador não
tem relações diplomáticas formais com a Colômbia, que na
época ameaçou processar a Venezuela e também o governo
equatoriano por seus supostos
elos com as Farc, com base em
dados encontrados em laptops
da guerrilha.
Chávez, além de retaliação
diplomática em apoio a Quito,
anunciou envio soldados para a
fronteira com a Colômbia, na
mais grave crise regional em
dez anos.
Com o fim da crise, porém,
tanto Uribe como Chávez trocaram os insultos por reuniões
bilaterais e desapareceram as
acusações de vínculo entre a
Venezuela e a guerrilha. Antes
apoiador explícito e mediador
de negociações com as Farc,
Chávez passou a marcar distância da guerrilha marxista financiada com o narcotráfico.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Greve: Protestos se intensificam na África do Sul Próximo Texto: Farc negam ter financiado Rafael Correa Índice
|