São Paulo, quarta-feira, 29 de agosto de 2007

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Tropas dos EUA prendem grupo iraniano no Iraque

Detenção ocorre no dia em que Bush voltou a acusar Irã de apoiar o terrorismo

Horas antes da declaração do americano, presidente iraniano disse que seu país está pronto para ocupar o vácuo de poder na região

DA REDAÇÃO

Militares americanos invadiram um hotel de Bagdá ontem à noite e detiveram cerca de dez pessoas. Uma rádio financiada pelos EUA disse que o grupo incluía seis membros de uma delegação do governo iraniano.
A agência de notícias do Irã confirmou as prisões, mas não disse quantas pessoas foram detidas. A embaixada iraniana em Bagdá afirmou que sete iranianos, incluindo um funcionário da embaixada e seis membros de uma delegação do Ministério da Energia iraniano, estavam hospedados no hotel onde as prisões foram feitas.
Imagens da agência de notícias Associated Press mostravam militares levando cerca de dez homens. Outros soldados carregavam malas e uma bolsa de laptop.
O site de uma rádio em árabe financiada pelos EUA dizia que a delegação iraniana estava em Bagdá para negociar contratos de usinas elétricas. O site dizia que os iranianos foram detidos e levados a um local desconhecido. O porta-voz do Exército dos EUA se recusou a comentar e disse que a ação é parte de uma operação em andamento.
A tensão entre os EUA e o Irã vem aumentando com as acusações de Washington de que Teerã arma as milícias xiitas iraquianas, o que os iranianos negam. Em janeiro, tropas americanas prenderam cinco iranianos no Iraque. Os EUA afirmam que os cinco pertenciam a uma força da elite da Guarda Revolucionária iraniana, acusada de armar e treinar insurgentes iraquianos.
Ontem, o presidente dos EUA, George W. Bush, também investiu na escalada retórica contra o Irã ao ameaçar confrontar o regime de Teerã "antes que seja tarde demais".
O presidente dos EUA acusou Teerã de apoiar os insurgentes xiitas no Iraque e o grupo Taleban no Afeganistão. Bush afirmou que o programa nuclear iraniano ameaça colocar o Oriente Médio "sob a sombra de um holocausto nuclear" e que o Irã é "o maior apoiador do terrorismo no mundo". "Autorizei nossos comandantes militares no Iraque a confrontar as ações assassinas de Teerã", afirmou.
Bush falou horas após o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, dizer que o seu país está pronto para preencher o vácuo de poder no Iraque e na região. "O poder político das forças da ocupação está entrando em colapso rapidamente", afirmou em coletiva. "Logo haverá um imenso vácuo de poder na região. Claro que estamos prontos para preencher o espaço, com a ajuda dos vizinhos e amigos da região, como a Arábia Saudita, e com a ajuda da nação iraquiana."
Ahmadinejad não especificou como preencheria o vácuo de poder, mas manifestou apoio ao atual premiê iraquiano, o xiita Nouri al Maliki.
O presidente iraniano afirmou ainda que a região não precisa de países a "milhares de quilômetros" para prover segurança, e que as forças americanas e de outros países no Iraque e no Afeganistão esgotaram suas soluções. "Eles estão presos em um atoleiro pelos seus próprios crimes. Se ficarem no Iraque por mais 50 anos, nada irá melhorar, só irá piorar."


Com agências internacionais

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