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Obama anuncia proposta ousada para hipotecas
Pré-candidato propõe multar bancos que venderam títulos de risco para ajudar americanos sob ameaça de perder suas casas
JEREMY GRANT
EOIN CALLAN
DO "FINANCIAL TIMES", EM
WASHINGTON
As instituições financeiras
inescrupulosas que venderam
títulos de crédito imobiliário de
risco, conhecidos como "subprimes", a milhões de americanos deveriam ser multadas, e os
proventos usados para ajudar a
resgatar os devedores que estão
enfrentando uma onda de execução de hipotecas, de acordo
com Barack Obama, o senador
democrata que está tentando
conquistar a indicação de seu
partido à Presidência.
A proposta está entre as mais
radicais já apresentadas pelo
pré-candidato, e surge no momento em que Washington
tenta encontrar respostas para
a crescente onda de execução
de hipotecas (operação em que
os bancos tomam as casas, registradas como garantia de empréstimos) e para a crise nos
mercados de crédito.
A idéia também surge em um
momento de maior discussão
em Washington sobre a necessidade de adotar ou não regulamentação mais severa para o
setor de crédito imobiliário
-incluindo as agências de classificação de crédito que avaliam os papéis emitidos nesse
mercado-, com o objetivo de
impedir uma repetição da crise.
Em artigo para a edição de
hoje do "Financial Times",
Obama acusou os grupos de
lobby que operam em benefício
das instituições de crédito de
obstruir uma regulamentação
mais severa do mercado subprime, acrescentando que "o
governo não providenciou o escrutínio regulatório que poderia ter prevenido a crise".
"Enquanto instituições de
crédito predatórias empurravam famílias de baixa renda para a ruína financeira, dez das
maiores instituições de crédito
imobiliário do país gastavam
mais de US$ 185 milhões em
campanhas de lobby para que
Washington lhes deixasse o caminho livre", ele escreveu,
mencionando números do
Center for Responsive Politics.
Obama disse que o governo
precisava "deter as corretoras
de crédito hipotecário que iludem devedores de baixa renda,
fornecendo-lhes créditos que
eles não conseguirão pagar".
Ele acrescentou que "Washington precisa deixar de funcionar como defensora de setores econômicos e começar a
agir como defensora do público". Restringir a influência indevida das empresas sobre as
decisões políticas em Washington é uma das causas mais marcantes da campanha de Obama.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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