São Paulo, quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Obama anuncia proposta ousada para hipotecas

Pré-candidato propõe multar bancos que venderam títulos de risco para ajudar americanos sob ameaça de perder suas casas

JEREMY GRANT
EOIN CALLAN
DO "FINANCIAL TIMES", EM WASHINGTON

As instituições financeiras inescrupulosas que venderam títulos de crédito imobiliário de risco, conhecidos como "subprimes", a milhões de americanos deveriam ser multadas, e os proventos usados para ajudar a resgatar os devedores que estão enfrentando uma onda de execução de hipotecas, de acordo com Barack Obama, o senador democrata que está tentando conquistar a indicação de seu partido à Presidência.
A proposta está entre as mais radicais já apresentadas pelo pré-candidato, e surge no momento em que Washington tenta encontrar respostas para a crescente onda de execução de hipotecas (operação em que os bancos tomam as casas, registradas como garantia de empréstimos) e para a crise nos mercados de crédito.
A idéia também surge em um momento de maior discussão em Washington sobre a necessidade de adotar ou não regulamentação mais severa para o setor de crédito imobiliário -incluindo as agências de classificação de crédito que avaliam os papéis emitidos nesse mercado-, com o objetivo de impedir uma repetição da crise.
Em artigo para a edição de hoje do "Financial Times", Obama acusou os grupos de lobby que operam em benefício das instituições de crédito de obstruir uma regulamentação mais severa do mercado subprime, acrescentando que "o governo não providenciou o escrutínio regulatório que poderia ter prevenido a crise".
"Enquanto instituições de crédito predatórias empurravam famílias de baixa renda para a ruína financeira, dez das maiores instituições de crédito imobiliário do país gastavam mais de US$ 185 milhões em campanhas de lobby para que Washington lhes deixasse o caminho livre", ele escreveu, mencionando números do Center for Responsive Politics.
Obama disse que o governo precisava "deter as corretoras de crédito hipotecário que iludem devedores de baixa renda, fornecendo-lhes créditos que eles não conseguirão pagar".
Ele acrescentou que "Washington precisa deixar de funcionar como defensora de setores econômicos e começar a agir como defensora do público". Restringir a influência indevida das empresas sobre as decisões políticas em Washington é uma das causas mais marcantes da campanha de Obama.


Tradução de PAULO MIGLIACCI

Texto Anterior: Artigo: Teerã avança na América Latina
Próximo Texto: Novo líder turco promete governo secular
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.