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Favorito em eleição japonesa causa ceticismo em analistas
Yukio Hatoyama é visto como inexperiente e pouco firme em suas posições
Mesmas pesquisas que indicam sua vitória no pleito de amanhã apontam que país não está convencido de que ele é o premiê ideal
DO "FINANCIAL TIMES"
Yukio Hatoyama, presidente
do Partido Democrata do Japão
(PDJ), a maior força de oposição do país, nasceu como herdeiro aparente da mais célebre
dinastia política japonesa, mas
seus amigos de infância jamais
imaginaram que ele fosse capaz
de completar a difícil escalada
que deve conduzi-lo ao poder
após as eleições de amanhã.
Todos presumiam que a
honraria viesse a caber a seu irmão mais novo, Kunio, que assumiu o legado político de uma
família que, nas três gerações
anteriores, havia dado ao Japão
um presidente do Legislativo,
um primeiro-ministro e um
ministro do Exterior.
Hatoyama, 62, começou sua
vida profissional pela academia, conquistando um doutorado em engenharia pela Universidade Stanford e se tornando professor-assistente na Universidade Senshu, em Tóquio,
enquanto seu irmão mais novo
galgava a hierarquia do Partido
Liberal Democrata (PLD), que
governa o Japão.
Mas hoje é o cerebral Hatoyama que parece a ponto de assumir o comando da segunda
maior economia do mundo. As
pesquisas preveem que o PDJ
derrotará o PLD e conduzirá
Hatoyama ao posto de premiê.
Em ensaio recente, Hatoyama denunciou o "fundamentalismo de mercado liderado pelos EUA" e prometeu proteger
o povo e as indústrias do Japão
contra a globalização.
Mencionando o credo político da família Hatoyama, "yuai",
ou "fraternidade", o líder do
PDJ apelou por esforços para
criar uma união monetária do
leste asiático e promover maior
integração política na região.
No entanto, ainda existem
certas dúvidas quanto à capacidade de Hatoyama para traduzir essas intenções em políticas
práticas e para garantir que um
governo inexperiente seja capaz de implementá-las. Amigos
e colegas elogiam o presidente
do PDJ por sua mente aberta e
seuidealismo. Mas, mesmo
após 23 anos na política, alguns
analistas consideram que ele
ainda não conseguiu dominar a
arte da negociação na área.
Conexões familiares facilitaram a seleção dele como candidato por um distrito eleitoral
agrícola e industrial empobrecido, no norte de Hokkaido,
muito distante da mansão em
que foi criado em Tóquio. Hatoyama também não teve de
enfrentar as dificuldades que a
maioria dos políticos aprendem a superar para obter verbas de campanha. Sua mãe é filha do fundador da Bridgestone, e Hatoyama já herdou bilhões de ienes.
Os céticos afirmam que ele
depende demais da mãe, que
teria financiado a criação do
PDJ.
Outros críticos, entre os
quais o irmão Kunio, de quem
ele está afastado e até recentemente era ministro do Interior
no governo do PLD, zombam
de Hatoyama por suas mudanças de posição. Em uma história da dinastia Hatoyama publicada em 2003, Mayumi Itoh, da
Universidade de Nevada, cita
Kunio como tendo mencionado a "engenhosa capacidade de
mudar de posição" do irmão.
Pesquisas apontam que, embora os eleitores prefiram Hatoyama por larga margem ao
atual premiê, Taro Aso, do
PLD, ainda não estão convencidos de que ele seja a pessoa certa para liderar o Japão -o que
não é um bom prenúncio em
um país que teve três premiês
nos últimos três anos.
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