São Paulo, sábado, 29 de agosto de 2009

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Favorito em eleição japonesa causa ceticismo em analistas

Yukio Hatoyama é visto como inexperiente e pouco firme em suas posições

Mesmas pesquisas que indicam sua vitória no pleito de amanhã apontam que país não está convencido de que ele é o premiê ideal


DO "FINANCIAL TIMES"

Yukio Hatoyama, presidente do Partido Democrata do Japão (PDJ), a maior força de oposição do país, nasceu como herdeiro aparente da mais célebre dinastia política japonesa, mas seus amigos de infância jamais imaginaram que ele fosse capaz de completar a difícil escalada que deve conduzi-lo ao poder após as eleições de amanhã.
Todos presumiam que a honraria viesse a caber a seu irmão mais novo, Kunio, que assumiu o legado político de uma família que, nas três gerações anteriores, havia dado ao Japão um presidente do Legislativo, um primeiro-ministro e um ministro do Exterior.
Hatoyama, 62, começou sua vida profissional pela academia, conquistando um doutorado em engenharia pela Universidade Stanford e se tornando professor-assistente na Universidade Senshu, em Tóquio, enquanto seu irmão mais novo galgava a hierarquia do Partido Liberal Democrata (PLD), que governa o Japão.
Mas hoje é o cerebral Hatoyama que parece a ponto de assumir o comando da segunda maior economia do mundo. As pesquisas preveem que o PDJ derrotará o PLD e conduzirá Hatoyama ao posto de premiê.
Em ensaio recente, Hatoyama denunciou o "fundamentalismo de mercado liderado pelos EUA" e prometeu proteger o povo e as indústrias do Japão contra a globalização.
Mencionando o credo político da família Hatoyama, "yuai", ou "fraternidade", o líder do PDJ apelou por esforços para criar uma união monetária do leste asiático e promover maior integração política na região.
No entanto, ainda existem certas dúvidas quanto à capacidade de Hatoyama para traduzir essas intenções em políticas práticas e para garantir que um governo inexperiente seja capaz de implementá-las. Amigos e colegas elogiam o presidente do PDJ por sua mente aberta e seuidealismo. Mas, mesmo após 23 anos na política, alguns analistas consideram que ele ainda não conseguiu dominar a arte da negociação na área.
Conexões familiares facilitaram a seleção dele como candidato por um distrito eleitoral agrícola e industrial empobrecido, no norte de Hokkaido, muito distante da mansão em que foi criado em Tóquio. Hatoyama também não teve de enfrentar as dificuldades que a maioria dos políticos aprendem a superar para obter verbas de campanha. Sua mãe é filha do fundador da Bridgestone, e Hatoyama já herdou bilhões de ienes.
Os céticos afirmam que ele depende demais da mãe, que teria financiado a criação do PDJ.
Outros críticos, entre os quais o irmão Kunio, de quem ele está afastado e até recentemente era ministro do Interior no governo do PLD, zombam de Hatoyama por suas mudanças de posição. Em uma história da dinastia Hatoyama publicada em 2003, Mayumi Itoh, da Universidade de Nevada, cita Kunio como tendo mencionado a "engenhosa capacidade de mudar de posição" do irmão.
Pesquisas apontam que, embora os eleitores prefiram Hatoyama por larga margem ao atual premiê, Taro Aso, do PLD, ainda não estão convencidos de que ele seja a pessoa certa para liderar o Japão -o que não é um bom prenúncio em um país que teve três premiês nos últimos três anos.


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