São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2010

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Guerra mudou o jogo de forças no Oriente Médio

DE WASHINGTON

Sete anos de guerra no Iraque não mudaram apenas a paisagem dentro do país: ajudaram também a reconfigurar a balança de poder no Oriente Médio, fortalecendo a percepção de influência do Irã e desarranjando antigas hierarquias árabes.
Um dos efeitos mais comentados da guerra entre analistas é a transferência de poder de países árabes para não árabes na região.
O Irã, persa, é um dos vitoriosos. "Mesmo quando estava enfraquecido e sob embargos, os árabes secretamente colocavam Saddam Hussein como barreira contra ambições expansionistas do Irã", disse à Folha Barry Posen, diretor de estudos de segurança do MIT (Massachusetts Institute of Technology).
Relatório do grupo de pesquisas Rand feito para a Força Aérea americana também afirma que o Irã "está aproveitando as aberturas estratégicas criadas pelo enfraquecimento do Iraque".
Para o grupo, foi "exacerbada nas capitais árabes a visão da ascensão inexorável do Irã e criada a impressão de que o país, e por tabela os xiitas, estão do lado vencedor".
O quadro complicou ainda mais as disputas por hierarquia entre árabes, que não foram capazes de oferecer resposta única ao temor do expansionismo iraniano.
"Isso é particularmente visível na nova assertividade da Arábia Saudita, que emergiu em reação ao desafio persa e provocou alarme no Egito, rival pela liderança dos árabes", diz a Rand.
Para os EUA, que tentam isolar o Irã, o temor do expansionismo ajuda pouco. As suspeitas contra Teerã não se traduziram em posição favorável à Casa Branca até agora.
(ANDREA MURTA)


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