São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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PROTESTO

Organizadores estimam em até 200 mil os manifestantes contra ação militar contra o Iraque; polícia estima em 50 mil

Milhares vão às ruas de Londres pela paz

Peter Macdiarmid/Reuters
Em Londres, manifestantes antiguerra mostram cartaz do premiê Tony Blair com os olhos de Bush


DA REDAÇÃO


Dezenas de milhares de pessoas participaram ontem de uma manifestação pacifista em Londres contra uma eventual ação militar contra o Iraque. O evento lembrou também os dois anos do início da Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense).
Os organizadores da manifestação estimam que até 200 mil pessoas marcharam do rio Tâmisa, nas proximidades do Parlamento, até o Hyde Park, no coração da capital britânica. A polícia publicou estimativas mais modestas: em torno de 50 mil manifestantes.
"Nossa mensagem para os governos dos EUA e do Reino Unido é que seria tolice desafiar uma coalizão dessa magnitude e dessa diversidade. E não adianta estender uma folha de figueira da ONU sobre o caso, pois isso não o faria mais humano", disse Mike Marqusee, porta-voz da coalizão Pare a Guerra, uma das principais organizadoras do ato.
Outra grande organizadora do evento foi a Associação Muçulmana Britânica. A comunidade islâmica do Reino Unido tem cerca de 2,5 milhões de membros.
Entre os apoiadores da marcha estavam o prefeito londrino, Ken Livingston, membros "rebeldes" do Partido Trabalhista, sindicatos, líderes religiosos, artistas, intelectuais, ativistas dos direitos humanos e veteranos da Guerra do Golfo (1991).
Como já era de esperar, as figuras do presidente dos EUA, George W. Bush, e do premiê britânico, Tony Blair, foram as mais atacadas nos cartazes e nas palavras de ordem cantadas. Os dois políticos são aliados próximos na tentativa de fazer a ONU aprovar uma resolução que permita a ação militar na região do golfo.
Pesquisas de opinião mostram que a maioria dos 60 milhões de britânicos é contra o apoio do Reino Unido a uma ação unilateral dos EUA para derrubar o ditador Saddam Hussein. Caso a ONU aprove a ação, a figura muda: cerca de dois terços dos britânicos passariam a aprovar a ação.
"Se formos à guerra contra o Iraque, isso representaria o início de uma era de imperialismo americano, o que não é o que os fundadores da nação tiveram como visão para os EUA", disse Scott Ritter, inspetor de armas da ONU até 1998, que agora faz campanha contra o ataque.
"Esperamos que nossos líderes vejam o enorme sentimento contra a guerra", disse Anne Gleeson, auxiliar de cantina escolar, que estava marchando com seu marido e os dois filhos do casal. Todos usavam keffiyas, os lenços tradicionais palestinos.

Itália
Em outra manifestação antiguerra, milhares de pessoas saíram também às ruas de Roma.
A Refundação Comunista, que organizou o ato, disse que mais de 100 mil pessoas compareceram à marcha, embora jornalistas presentes estimassem o público em cerca de 50 mil. "Bush está isolado, mas, infelizmente, esse isolamento pode nos levar a uma guerra que empurrará o mundo para uma tormenta", disse Fausto Bertinotti, líder da Refundação.

Com agências internacionais


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