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IRAQUE SOB TUTELA
Premiê diz, porém, que não se arrepende de ter derrubado o ditador e que ação deixou o mundo mais seguro
Blair admite erro sobre arsenal de Saddam
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro britânico,
Tony Blair, desculpou-se ontem,
durante a conferência anual do
Partido Trabalhista, por ter acreditado em informações equivocadas sobre a existência de armas de
destruição em massa no Iraque.
Mas afirmou que o mundo estava mais seguro com o ex-ditador
Saddam Hussein na prisão.
Blair exortou seu partido, reunido na cidade de Brighton, a se
manter unido para, nas eleições
de maio de 2005, manter-se no
poder por um terceiro quadriênio
consecutivo, algo inédito em um
século de história do Labour.
A Guerra do Iraque provocou
divisões internas no partido, com
dirigentes que se opunham ao alinhamento automático do Reino
Unido aos Estados Unidos de
George W. Bush. Um dos indícios
da controvérsia está no fato de
Blair ter sido interrompido duas
vezes por vaias.
"As evidências de que Saddam
possuía armas biológicas e bacteriológicas mostraram-se equivocadas. Eu o constato e o aceito",
disse Blair, que se aliou aos EUA
em razão do suposto perigo de
tais arsenais caírem em mãos de
grupos do terrorismo islâmico.
Disse em seguida que pode se
"desculpar pela informação que
era finalmente incorreta, mas não
posso desculpar-me pelo fato de
ter participado da deposição de
Saddam".
Blair foi bastante ovacionado
quando apelou para que seu partido arregaçasse as mangas e se
preparasse para a vitória ao fim
da campanha do ano que vem.
Mas o clima do encontro, relatam a Associated Press e a Reuters, foi em grande parte envenenado pelo engajamento britânico
no Iraque e também por adversários de uma decisão oficial bem
mais banal e localizada: a proibição da caça às raposas.
"Você traz sangue nas mãos",
gritou um dos participantes, identificado como Hector Christie, antes de ser retirado do plenário.
A guerra provocou uma erosão
na confiança dos britânicos na capacidade de Blair de ponderar de
modo correto questões políticas,
afirma a Associated Press.
O premiê argumentou, no entanto, que procurou defender a
segurança do Reino Unido e em
nenhum momento considerou
que iria a reboque de Bush "numa
causa que nos era irrelevante".
Oriente Médio
Disse que, sem uma forte aliança com os EUA, seriam anódinos
os esforços britânicos para combater a pobreza na África, a epidemia da Aids, o aquecimento global e os esforços de paz no Oriente
Médio, região que se tornará para
ele "uma prioridade pessoal" depois das eleições americanas de 2
de novembro.
"Dois Estados, Israel e a Palestina, vivendo lado a lado numa paz
duradoura, fariam mais para derrotar o terrorismo do que qualquer arma de fogo", disse.
Liam Fox, presidente do Partido
Conservador, e Simon Hughes,
dos Liberais Democratas, disseram que Blair não conseguiu reconquistar a confiança dos britânicos, abalada pela Guerra do Iraque. "Blair está fora da realidade",
disse Fox. Para Hughes, a Guerra
do Iraque teve como objetivo depor um regime, o que não faz parte das normas vigentes do direito
internacional.
Tony Woodley, líder sindical do
setor dos transportes, disse ter
dúvidas da justeza dos argumentos de Blair sobre o Iraque. Outro
sindicalista, Mark Serwotka, líder
dos servidores públicos, criticou o
primeiro-ministro pelo plano recentemente anunciado de suprimir 100 mil empregos no setor.
Com agências internacionais
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